NOVA YORK, 22 SET (ANSA) – Um dia depois das manifestações que levaram milhões de pessoas às ruas do mundo, um exército de jovens ativistas se reuniu neste sábado (21) na Organização das Nações Unidas (ONU) para exigir uma ação radical na luta contra as mudanças climáticas, uma iniciativa liderada pela ativista sueca Greta Thunberg.   

Com apenas 16 anos, a adolescente realizou o discurso de abertura da Cúpula do Clima, que acontece em Nova York, juntamente com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e ressaltou que os jovens são uma força “imparável” em pressionar os líderes mundiais a favor do clima. “Ontem, milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente jovens, marcharam e pediram uma ação real contra o clima.   

Demonstramos que estamos unidos e que nós jovens somos imparáveis”, disse Greta no Palácio de Vidro, sede da ONU, onde foi aplaudida.   

A sueca ainda agradeceu Guterres por ter organizado o evento e “convidado tantos jovens ativistas” e disse esperar que “seja um sucesso”. “Estou empolgado com a liderança e o dinamismo do movimento juvenil pela ação climática”, disse Guterres, depois de ouvir Greta e outros ativistas de diferentes nacionalidades. “Dois anos atrás, quando comecei, fiquei muito desanimado. Mas, em algum momento, houve um impulso, em grande parte graças ao movimento juvenil, que começou a ter um impacto”, continuou ele.   

O secretário-geral da ONU também ressaltou que “o aquecimento climático é mais rápido que nós. E há muitas coisas que devem acontecer e não acontecem”.   

“Mas há uma mudança, e isso se deve em grande parte à coragem com que vocês, jovens, realizaram esse movimento tornando-se milhões de pessoas no mundo que dizem claramente que desejam essa mudança e que pedem que líderes sejam responsáveis”, acrescentou. Mais de 500 jovens ativistas de vários países participam da reunião inédita, poucos dias antes da chegada de chefes de Estado a Nova York para a cúpula sobre o clima nesta segunda-feira (23) e para a Assembleia Geral, que ocorrerá na terça (24).   

Para o jovem ativista de Fiji, Kamal Karishma Kumar, se os governos não agirem ou tomarem medidas para reverter o aquecimento global, os jovens os desafiarão. Já o argentino Bruno Rodríguez lembrou que jovens ativistas estão construindo uma nova consciência cultural, mostrando que não há fronteiras para o combate às mudanças climáticas.   

“A crise climática e ambiental é a crise política de nossos tempos, a crise econômica de nossos tempos e a crise cultural de nossos tempos”, alertou o fundador da organização Jovens pelo Clima Argentina, que organiza greves estudantis às sextas em seu país.   

De acordo com ele, muitas vezes os jovens escutam que esta geração deve “resolver os problemas criados pelos atuais governantes”, mas não vão esperar “passivamente”. “Chegou a hora de sermos os líderes”, afirmou. “Basta! Não queremos mais combustíveis fósseis”, ressaltou. Na última sexta-feira (20), mais de 4 milhões de jovens foram às ruas de diversas cidades em 163 países para realizar o maior protesto da história no combate às mudanças climáticas, de acordo com os organizadores. (ANSA).