O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um discurso eleitoreiro na abertura da sessão de debates da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, nos EUA, nesta terça-feira (20).

Na primeira parte do discurso, Bolsonaro citou a criação do auxílio emergencial para as famílias de baixa renda durante a pandemia da Covid-19. “Concentramos nossa atenção em garantir a renda das famílias para que elas conseguissem enfrentar as dificuldades econômicas desse período”, afirmou o presidente.

Na sequência, o presidente afirmou que o país também teve um amplo processo de vacinação e afirmou que 80% da população já está imunizada contra a doença. Em seguida, Bolsonaro disse que no seu governo “extirpamos a corrupção sistêmica que existia no país”.

“Somente entre o período de 2003 e 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político em e desvios chegou a casa dos US$ 170 bilhões de dólares”, disse.

O presidente aproveitou para criticar os governos petistas e, sem citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusou o seu principal adversário nas eleições deste ano de ser o maior responsável pelo desvio de dinheiro no país. Bolsonaro lembrou ainda que Lula chegou a ser “condenado em três instâncias”, apesar dos processos terem sido anulados pelo Supremo Tribunal Federal.

Ainda em seu discurso, Bolsonaro ressaltou a implementação do 5g, falou sobre a conclusão de obras de infraestrutura e afirmou que a economia do país “está em plena recuperação”.

“A pobreza aumentou em todo o mundo sob o impacto da pandemia. No Brasil, ela já começou a cair de forma acentuada”, alegou o presidente. Ele citou ainda a queda no número de desemprego e nos preços da gasolina e da energia.

“Temos a tranquilidade de que estamos em um bom caminho, uma tranquilidade compartilhada com os brasileiros, com os países vizinhos e o mundo afora”, afirmou Bolsonaro.

Agronegócio é destaque

Bolsonaro dedicou parte do discurso para elogiar o agronegócio que chamou de “orgulho nacional”. Ele também citou Alysson Paulinelli, candidato brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz, ex-ministro da Agricultura durante a ditadura militar no governo Geisel.

“Há quatro décadas, o Brasil importava alimentos. Hoje, somos um dos maiores exportadores mundiais. Isso só foi possível graças a pesados investimentos em ciência e inovação, com vistas à produtividade e à sustentabilidade. Faço aqui um tributo à pessoa de Alysson Paulinelli, candidato brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz, por seu papel na expansão da fronteira agrícola brasileira com o uso de novas tecnologias”, disse.

Após destacar a importância do país para a produção de alimentos no mundo, Bolsonaro afirmou que o Brasil é “parte da solução e referência para o mundo” ao abordar o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Ele também criticou a imprensa nacional e internacional e contrariou os números sobre desmatamento no país.

“Dois terços de todo o território brasileiro permanecem com vegetação nativa, que se encontra exatamente como estava quando o Brasil foi descoberto, em 1500. Na Amazônia brasileira, área equivalente à Europa Ocidental, mais de 80% da floresta continua intocada, ao contrário do que é divulgado pela grande mídia nacional e internacional”, disse.

O presidente também ressaltou o uso de energias renováveis no país e afirmou que o Brasil pode virar um exportador de energia limpa.

“Temos capacidade para ser um grande exportador mundial de energia limpa. Contamos com um excedente, já em construção, que pode chegar a mais de 100 Gigawatts entre biomassa, eólica terrestre e solar, além da oportunidade, ainda não explorada, de eólicas marítimas de 700 Gigawatts, com um dos menores custos de produção do mundo. Essas fontes produzirão hidrogênio verde para exportação”, declarou.

Guerra na Ucrânia e imigração

Em seu discurso, Bolsonaro afirmou que “o conflito na Ucrânia serve de alerta” e defendeu uma “reforma da ONU” para “encontrarmos a paz mundial”. O presidente destacou a presença do Brasil em missões de paz e ressaltou abertura das fronteiras para imigrantes, principalmente os venezuelanos.

“Nossa resposta a esse desafio foi a “Operação Acolhida”, que se tornou referência internacional. Já são mais de 350 mil venezuelanos que encontraram, em território brasileiro, assistência emergencial, proteção, documentação e a possibilidade de um recomeço. Todos têm acesso ao mercado de trabalho, a serviços públicos e a benefícios sociais”, disse.

Ainda falando sobre a guerra e imigração, o presidente destacou que o Brasil “abre suas portas para acolher os padres e freiras católicos que têm sofrido cruel perseguição do regime ditatorial da Nicarágua”. “O Brasil repudia a perseguição religiosa em qualquer lugar do mundo”, afirmou Bolsonaro.

Ao final do discurso, Bolsonaro voltou a citar números do seu governo, mencionou os atos do dia da Independência e citou as bandeiras ideológicas que ele defende.