Antonio Neto, delegado dos trabalhadores brasileiros na 110ª Conferência Internacional da OIT (Organização Internacional do Trabalho), acusou o presidente Jair Bolsonaro de genocídio e de ser uma ameaça à democracia em discurso na manhã desta terça (7/6), no Parlamento da ONU em Genebra. O Itamaraty pediu direito de resposta.

“O governo brasileiro, que tem uma agenda negacionista e economicamente cruel, que produziu um genocídio na pandemia com quase 670 mil mortos – taxa de mortalidade quatro vezes maior que a média mundial –, promove um tensionamento em nossa democracia. O presidente do Brasil estimula a desconfiança do sistema eleitoral, incentiva a desarmonia entre os Poderes e atiça seus seguidores a perseguir a imprensa, a oposição e o Judiciário”, afirmou Antonio Neto, que é presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e do PDT paulistano.

A Conferência Internacional do Trabalho (CIT), também chamada de parlamento mundial do trabalho, é o maior encontro internacional da área. Participam do evento representantes de governos, empregadores e trabalhadores dos 187 estados membros da OIT.

Para essa audiência global, Neto discursou ainda sobre grave situação dos trabalhadores no país produzida pelo neoliberalismo e agravada pelo governo Bolsonaro.

“A pandemia do coronavírus expôs o colapso do sistema econômico global, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil. A desindustrialização, a queda da renda, o desmonte do Estado, a precarização do trabalho, o enfraquecimento dos sindicatos e as desigualdades produzidas pelo neoliberalismo foram implacáveis com os mais vulneráveis. Governos que prometeram estabilidade entregaram miséria e uma absurda concentração de renda. No Brasil, esta questão é agravada com um governo que relega a segundo plano valores como democracia, humanismo e tolerância”, relatou o líder trabalhista.

O discurso de Antonio Neto levou o governo brasileiro a pedir direito de resposta, destacando números da campanha de vacinação realizada no Brasil, apesar de Bolsonaro repetidas vezes ter dado declarações contra as vacinas e até comemorado a morte de um voluntário que participava dos testes (cuja morte não teve relação com a vacina, como ficou depois provado). O representante do governo brasileiro também não fez nenhuma menção à volta da fome durante a gestão de Bolsonaro nem deu qualquer explicação para o fato de que a taxa de mortalidade por coronavírus no Brasil é quatro vezes maior que a média mundial.

“Refiro-me ao discurso do delegado dos trabalhadores do Brasil, Sr. Antonio Neto. Até o momento, mais de 83% da população elegível no Brasil foi totalmente vacinada. Para enfrentar os efeitos devastadores da pandemia de COVID-19 no mundo do trabalho, o governo brasileiro promulgou programas bem-sucedidos de retenção de emprego, que garantiu empregos para 11 milhões de trabalhadores, e transferência de renda, que forneceu ajuda imediata para quase 70 milhões pessoas, com foco nos mais vulneráveis. A desigualdade de renda voltou aos níveis pré-pandemia e vem diminuindo desde então. Atualmente, o programa Auxilio Brasil atinge mais de 18 milhões de famílias”, discursou o representante do governo do Brasil.