O espanhol Fernando Alonso vai em busca neste domingo, a partir das 13 horas (de Brasília), da segunda parte da tríplice coroa do automobilismo. Após ganhar dois títulos mundiais de Fórmula 1 e se ver agora como coadjuvante na categoria, o piloto abriu mão de disputar o GP de Mônaco para participar das 500 Milhas de Indianápolis, a etapa mais tradicional da Fórmula Indy e capaz de lhe colocar em um seleto grupo de vencedores.

Apenas 10 pilotos com passagens pela Fórmula 1, cinco deles campeões mundiais, conseguiram ganhar as 500 Milhas. Mas o sonho de Fernando Alonso vai até um patamar ainda mais raro. O espanhol quer a vitória nos Estados Unidos para futuramente vencer as 24 horas de Le Mans, na França, e ter a tríplice coroa do automobilismo. Apenas o britânico Graham Hill conseguiu esse feito.

O bom desempenho nos treinos e o quinto lugar no grid de largada mostram a vontade do espanhol em fazer história. “Será uma experiência totalmente diferente porque em um oval você experimenta velocidades altas durante toda a volta. É importante aprender, sentir o carro, mas na hora da corrida será diferente”, comentou Fernando Alonso.

A rápida adaptação da Fórmula 1 para uma categoria diferente teve como ajudante o brasileiro Gil de Ferran. O ex-piloto treinou Fernando Alonso para essa transição. Procurou o espanhol e se ofereceu para fazer o trabalho. A ousada decisão de recusar correr em Mônaco para experimentar a sensação de pilotar a quase 400 km/h em um oval pode render um prestígio que há tempos o espanhol não vive.

Fernando Alonso ganhou os Mundiais de 2005 e 2006 e depois ficou três vezes com o vice-campeonato. Nas últimas temporadas, o carro pouco competitivo da McLaren deu ao espanhol mais visibilidade pelas piadas do que pelos resultados.

Em 2015, durante o GP do Brasil, em Interlagos, o carro dele quebrou durante os treinos, mas o piloto reagiu com deboche ao se sentar em um cadeira para tomar sol ao lado da pista. Na volta aos boxes, correu para tirar uma foto no pódio e depois comentou: “Passei ao lado e disse que não estaria lá tão cedo”.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

FAVORITO – Em Indianápolis, o espanhol revive a sensação de ser estrela e a expectativa de poder vencer. “Ele sempre foi competitivo, de querer chegar mais cedo que você só para botar pressão psicológica”, contou o ex-piloto Tarso Marques, colega de equipe de Fernando Alonso no ano de estreia do piloto na Fórmula 1 (2001). “Por ter um talento incrível, não vai sentir a adaptação à Fórmula Indy. Acho até que é um sério candidato a ganhar”, completou o brasileiro, que também guiou pela Indy.

Os concorrentes também apostam que o “novato” Fernando Alonso vai dar trabalho. “Eu ficaria surpreso se ele tiver dificuldade. Acredito que a experiência será muito boa para a carreira dele”, comentou o brasileiro Hélio Castroneves, tricampeão da prova.

Segundo o coach da Academia Shell e especialista na formação de pilotos Dennis Dirani, a corrida vai dar ao espanhol dificuldades que não foram vivenciadas nos treinos. “Por ser oval, tem muito tráfego e vácuo. Então, terá de se adaptar ao estilo. Nas 500 Milhas o que importa são as duas últimas voltas. Só nessa hora se decide o vencedor”, avisou.

RISCOS DE FRACASSO – Fernando Alonso será o 11.º campeão mundial de Fórmula 1 a tentar a vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. Se o espanhol teve cinco antecessores que ganharam a prova, também tem outros exemplos de insucesso para usar como alerta.

Na década de 1950, o italiano Giuseppe Farina e o argentino Juan Manuel Fangio ganharam juntos seis títulos mundiais de Fórmula 1. Mas, ao tentarem a disputa da tradicional prova no oval, sequer conseguiram tempo para largar.

O caso mais marcante de frustração nas 500 Milhas foi do tricampeão mundial Nelson Piquet. Em 1992, um ano após deixar a Fórmula 1, o brasileiro sofreu um grave acidente nos treinos livres ao bater forte no muro e ter fraturas nas duas pernas. Na edição seguinte ele novamente tentou, porém teve problemas mecânicos ainda no começo da prova.

Apesar de não ter sido campeão mundial, o francês Jean Alesi foi o fracasso mais recente de um ex-Fórmula 1. Em 2012 ele foi desclassificado da corrida por estar lento demais.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias