Sou judeu de pai e mãe – e de avós e bisavós -, e a despeito de não ser religioso, possuo forte ligação com o judaísmo, mesmo sem professar com a devida frequência minha religião. Por isso, me lembro bem de alguns dos Dez Mandamentos, dentre os quais, aquele que diz: Não tomarás em vão o nome do Senhor.

Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, é um ‘homem sem qualidades’. Há uma obra prima da literatura mundial, do autor austríaco (terra do meu avô paterno) Robert Musil, com este título, que pecaminosamente tomo emprestado neste momento – colocar Musil e Bolsonaro no mesmo parágrafo é de uma heresia atroz.

O amigão do Queiroz não é culto, não é inteligente, não é caridoso, não é benevolente, não é empático, não é tolerante, não é humilde, não é agregador, enfim, é tão somente um aproveitador barato da fé e da boa vontade alheias, ao mesmo tempo em que porta-voz de tudo aquilo que não presta. Ou seja, qualidade zero!

O devoto da cloroquina é mentiroso e vil. Defende torturador e tortura; ditador e ditadura; tiranos e tiranias. O sujeito condecorou um assassino de aluguel, Santo Deus! E é parceiro de décadas de um peculatário ligado aos milicianos do Rio de Janeiro (Fabrício Queiroz, o operador das rachadinhas). Muito honesto ele, não?

Mas não só. Indiscutivelmente auxiliou – de todas as maneiras possíveis!! – o novo coronavírus a matar mais de 700 mil brasileiros. E debochou, humilhou e ‘saraticuou’ sobre a dor de milhões de enlutados Brasil afora. Alguém assim se dizer cristão e invocar Deus e Jesus a cada instante, é no mínimo muita incoerência.

EM NOME DE JESUS, VOTEM EM MIM

Aproveitando o maior evento evangélico do País (senão do mundo), A Marcha Para Jesus, que ocorre todos os anos na capital paulista, o patriarca do clã das rachadinhas e das mansões usou e abusou do nome do Senhor, para bravatear suas falsas moralidades e destilar ódio, segregação e preconceito.

‘Somos defensores da família brasileira’, disse aquele que conduziu a nação às maiores crises alimentar e sanitária das últimas décadas. ‘Somos contra a ideologia de gênero’, disse aquele que nomeou, defendeu e não recriminou o ex-presidente da Caixa, que assediou de forma cretina dezenas de funcionárias.

E continuou: ‘somos o bem contra o mal’. Sério? Dizer que um negro é pesado em arrobas, semelhante a um animal de corte, é ser do bem? Preferir um filho morto a um filho gay é ser do bem? Lamentar que o exército brasileiro não tenha dizimado os índios é ser do bem? Dizer que um quilombola não serve nem para reproduzir é ser do bem?

Que raios de cristão é este que casa uma, duas, três vezes e que declara ter sido ‘uma fraquejada’ a quarta filha? Que trata as mulheres a solavancos e grosserias? Que apoia a invasão sanguinária da Ucrânia, pela Rússia? Que cristão usa e abusa de Deus como um mundano e reles cabo eleitoral qualquer?

Historicamente, religião e poder sempre se misturaram e, infelizmente, na maioria dos casos, tal união resultou em atrocidades terríveis contra a humanidade. infelizmente, também, poderosos sempre se serviram das religiões e da fé das pessoas para, igualmente, protagonizarem as piores barbaridades.

Bolsonaro é apenas mais um cretino que se utiliza da fé para tomar – no caso, se manter – o Poder e enriquecer. Em nome de Jesus, é claro. Mas o dele! Porque o Filho de Deus jamais se mancomunaria com um traste assim. Amém.