Dezenas de armênios, alguns fumando cigarros e outros já vestidos com uniformes militares, aguardam em frente ao prédio da delegacia da polícia militar na rua Alabiana de Yerevan.

Eles se preparam para partir rumo a Nagorno Karabakh. A cada minuto, carros, ou táxis, deixam novos recrutas em frente aos portões do prédio do período soviético, enquanto outros chegam a pé a este bairro do noroeste da capital armênia.

De todas as idades, muitos dizem ter recebido uma ordem de mobilização, já outros se voluntariaram para combater, ou ajudar.

“Muitas pessoas estão aqui, porque todos entendemos que devemos agir para defender nossa pátria contra o agressor que tenta nos impor sua lei”, explicou à AFP Kamo, de 32 anos, trabalhador em uma fábrica de vidro.

Desde domingo, intensos confrontos foram travados em Nagorno Karabakh, região separatista no Azerbaijão, reconhecida como azerbaijana pela comunidade internacional, mas habitada por uma maioria armênia e apoiada por Yerevan.

O território foi alvo de uma guerra na década de 1990, na qual morreram mais de 30.000 pessoas e, desde então, vários confrontos mortais ocorrem regularmente na região.

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Esses combates, os piores desde 2016, parecem aumentar a cada dia, com ao menos 98 pessoas mortas até o momento, segundo os balanços – provavelmente muito parciais.

Ambas as partes negam a responsabilidade das hostilidades e rejeitam qualquer compromisso que ameace a estabilidade do Cáucaso Meridional, região volátil na qual competem os interesses de várias potências.

– Cem vezes pior –

Em Yerevan, a guerra teve até agora pouco impacto e a vida continua normalmente nas principais ruas do centro da cidade.

Bandeiras gigantes foram penduradas em alguns prédios, no entanto, e longas filas são observadas em frente aos centros de doação de sangue, após pedido das autoridades.

Tanto Armênia quanto o Azerbaijão decretaram a mobilização e a lei marcial. Além disso, um discurso belicoso alimenta o fervor patriótico em ambos os países nas últimas semanas.

No Azerbaijão, em Baku e em outras cidades, muitos homens em idade de combate se ofereceram como voluntários para ir à frente de batalha.

Diante da delegacia militar de Yerevan, o fervor é palpável.

“Meu primo está indo para a guerra”, disse Robert Gasparyan, um estudante de 20 anos, que afirma ele mesmo ter lutado durante os confrontos de verão em Tavuch, na fronteira norte entre os dois países, confrontos que já testemunharam as crescentes tensões.

“O que está acontecendo agora é 100 vezes pior do que o que vi” em julho, explica o jovem, que veio acompanhar seu primo que partirá para a batalha.

Os Exércitos de ambos os países condenam o uso de artilharia pesada e de veículos aéreos não tripulados pelo inimigo.


Ontem (29), a Armênia informou sobre a destruição de um de seus aviões por parte da Turquia, aliada do Azerbaijão, o que este último nega. Isso levantou temores de uma escalada perigosa da violência e de interferência estrangeira.


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