O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajará ao Uruguai na próxima quinta-feira, 5, para participar da cúpula do Mercosul, em meio à pressão para a assinatura do acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia. Essa será a primeira viagem internacional desde o acidente doméstico de Lula, em outubro, que o tirou da reunião da cúpula dos Brics.
A expectativa é que a proposta, travada há 25 anos, avance durante o encontro. O texto prevê a redução de taxas para produtos do Mercosul na Europa em até uma década. Por outro lado, o bloco sul-americano reduzirá 92% das taxas para produtos europeus em 15 anos.
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Lula é o principal defensor da proposta e tem pressionado a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para que o acordo seja assinado ainda neste ano.
Entretanto, o texto enfrenta forte resistência da França, que já aprovou um projeto para rejeitar o acordo. Com histórico protecionista, o país argumenta que a entrada de produtos do Mercosul desvaloriza o agronegócio francês e enfraquece o bloco econômico europeu.
Deputados franceses chegaram a classificar alimentos sul-americanos como “lixo” e “cancerígenos”. As críticas ganharam força após a declaração do presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, que questionou a conformidade das carnes do Mercosul com as normas de qualidade exigidas. Ele, no entanto, recuou após a repercussão negativa e o impacto sobre a rede no Brasil.
Além da França, Áustria, Polônia e Holanda devem fazer coro contra o acordo. Há também a possibilidade de a Itália se juntar ao bloco opositor. No entanto, a oficialização da proposta entre os blocos econômicos ainda precisará ser aprovada pelo Parlamento Europeu após a assinatura de Ursula.
Além do acordo, o Mercosul deverá realizar um balanço da presidência uruguaia no bloco e formalizar acordos internos de cooperação. Além de Brasil e Uruguai, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Colômbia e Panamá também participarão do encontro.
Lula deverá se reunir, pela segunda vez em uma semana, com Yamandú Orsi, presidente eleito do Uruguai. Eles estiveram juntos na última quinta-feira, 28, no Palácio do Planalto.