Ao comandar a primeira reunião de gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) no cargo de ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello foi recebido com discursos em tom de trégua feitos por representantes de secretários de Estados e municípios. No encontro, o militar defendeu gestão “apartidária” e sem ideologia, união e atenção para o avanço dos casos ao interior.

O encontro, nesta quinta-feira, 21, ocorre após desentendimentos entre secretários e ministério sobre orientações do governo federal para distanciamento social e uso precoce da cloroquina.

Ministério e conselho de secretários de saúde de Estados (Conass) e municípios (Conasems) reúnem-se mensalmente para votar resoluções sobre o funcionamento do SUS. Os debates perderam a regularidade durante a pandemia. A retomada da reunião também vinha sendo adiada por divergências entre os gestores.

Nas últimas semanas, os conselhos rejeitaram assinar a “matriz de risco” elaborada pela gestão do oncologista Nelson Teich, o que impediu a publicação como regra do SUS. Enfraquecido e após desentendimento com o presidente Jair Bolsonaro, Teich deixou a pasta. Cerca de um mês antes, Luiz Henrique Mandetta havia sido demitido.

O Conass também se opôs à nova orientação do ministério sobre a cloroquina. Na noite de quarta-feira, 20, a entidade divulgou nota questionando a mudança de discurso. “Por que estamos debatendo a cloroquina e não a logística de distanciamento social? Por que estamos debatendo a cloroquina em vez de pensar um plano integrado de ampliação da capacidade de resposta do Ministério da Saúde para ajudar os estados em emergência?”.

Os representantes do conselho e Pazuello não trataram na reunião de assuntos como distanciamento social e uso precoce da cloroquina, que divide gestores locais e governo federal.

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Nesta quinta-feira, 21, Pazuello disse que a “missão” dos gestores do SUS é salvar vidas. “Concito a todos e todas a caminharem e remarem juntos nessa direção”, disse.

O presidente do Conass e secretário de Saúde do Pará, Alberto Beltrame, comemorou a “retomada do diálogo”. “Não que tenha sido rompido, mas tivemos afastamento durante algum tempo”, disse.

“Esse é um momento que é simbólico. Início da sua gestão, em que nós recebemos com enorme satisfação e alívio o seu discurso, fala e prática de busca de diálogo”, completou Beltrame. O presidente do Conasems, Wilames Bezerra, também pediu “união” dos gestores.

Pazuello e representantes de Estados e municípios alertaram para o aumento de casos no interior do País. “É inevitável. A progressão vai acontecer e temos de estar preparados”, disse Pazuello.

Ele afirmou que gestores devem investir na “capacidade de transporte” para levar pacientes do interior para hospitais de referência, geralmente localizados em capitais dos Estados.

Pazuello também observou que a doença deve avançar para além do Norte e Nordeste, hoje mais impactados, durante o inverno. “Rezamos para o impacto ser menor, mas virá algum grau de impacto”, disse.


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