Myanmar anuncia eleições gerais em 28 de dezembro

ROMA, 18 AGO (ANSA) – A junta militar que governa Myanmar anunciou nesta segunda-feira (18) que as primeiras eleições legislativas no país começarão em 28 de dezembro, dando início a uma votação em fases boicotada por grupos de oposição e criticada por observadores internacionais. “A primeira fase da eleição geral democrática multipartidária começará no domingo, 28 de dezembro de 2025”, declarou a Comissão Eleitoral Nacional em um comunicado.   

A nota acrescenta ainda que “as datas das fases seguintes serão anunciadas posteriormente” O anúncio foi feito apesar da guerra civil em andamento, que tem causado estragos em grande parte do país, e de observadores internacionais que classificaram as eleições como uma farsa.   

Myanmar tem sido dilacerado por conflitos desde que o exército derrubou o governo da líder pró-democracia Aung San Suu Kyi em 2021, fazendo acusações infundadas de fraude eleitoral.   

Áreas do país estão fora do controle militar, administradas por diversos guerrilheiros pró-democracia e poderosas organizações armadas étnicas que se comprometeram a bloquear as eleições em seus enclaves.   

Analistas afirmam que as eleições provavelmente farão com que o líder da junta, Min Aung Hlaing, mantenha seu poder sobre qualquer novo governo, seja como presidente, líder militar ou em algum novo cargo onde consolide o controle.   

“Acho que essas eleições estão sendo realizadas apenas para dar poder a ditadores militares até o fim do mundo”, declarou um cidadão no estado ocidental de Rakhine.   

“Não acho que as eleições tenham qualquer significado para o povo”, acrescentou o homem de 63 anos, que não quis ser identificado por razões de segurança.   

A guerra civil em Myanmar matou milhares de pessoas, deixou mais da metade da nação na pobreza e deslocou mais de 3,5 milhões de civis. Segundo relatos, a junta militar promoveu as eleições como uma forma de pôr fim ao conflito e ofereceu recompensas em dinheiro aos combatentes da oposição que depusessem as armas antes da votação. (ANSA).