Musk se diz “decepcionado” com megaprojeto de lei orçamentária de Trump

O bilionário Elon Musk, que se afastou do papel de reduzir os gastos do governo americano drasticamente com a demissão de dezenas de milhares de pessoas, criticou o megapacote orçamentário do presidente Donald Trump.

A “lei grande e bonita”, como Trump a chama, foi aprovada pela Câmara dos Representantes e agora segue para o Senado.

O projeto de lei consolida a visão do governo de uma nova “Era de Ouro”. Concretamente, reduz os programas de seguridade social para financiar uma ampliação dos cortes de impostos de 2017.

Críticos dizem que isso dizimará os cuidados de saúde dos americanos mais pobres e fará com que a dívida nacional dispare.

Analistas independentes alertaram que o déficit poderia aumentar em até US$ 4 trilhões em uma década.

“Fiquei decepcionado ao ver esse projeto de lei de gastos imensos, francamente, que aumenta o déficit orçamentário (…) e mina o trabalho que está sendo feito pela equipe do Doge”, uma comissão criada para cortar os gastos federais, disse Musk em uma entrevista ao canal CBS News, da qual foi exibido um trecho na noite de terça-feira.

Nela, o chefe da Tesla e da SpaceX expressa suas divergências com Trump, que o nomeou para liderar o chamado Departamento de Eficiência Governamental (Doge).

“Acho que um projeto de lei pode ser grande ou pode ser bonito”, declarou Musk à CBS News, “mas não sei se pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. É a minha opinião pessoal.”

A entrevista completa irá ao ar no domingo.

Sem mencionar Musk, a Casa Branca tentou minimizar qualquer divergência sobre os gastos do governo dos EUA.

“Não é um projeto de orçamento anual”, disse o assessor de Trump, Stephen Miller, na plataforma de mídia social de Musk, o X.

– Ruptura –

Todos os cortes propostos pelo Doge teriam que ser implementados por meio de um projeto de lei separado, de acordo com as regras do Senado dos EUA, acrescentou Miller.

Mas os comentários de Musk representam uma ruptura com o presidente republicano, a quem ajudou a retornar à Casa Branca após um primeiro mandato de 2017 a 2021, por meio de milhões de dólares investidos na campanha eleitoral de 2024.

Em outra entrevista, ao jornal The Washington Post, Musk, também CEO da Tesla e da SpaceX, relembrou as reformas pelas quais muitos funcionários perderam seus empregos, alguns sem aviso prévio.

“A situação da burocracia federal é muito pior do que eu imaginava”, disse ele.

“Achei que havia problemas, mas certamente é uma batalha difícil tentar melhorar as coisas em Washington, para dizer o mínimo”, acrescentou.

Musk anunciou no final de abril que deixaria o governo para voltar a se dedicar à direção de suas empresas.

Em maio, reconheceu que não conseguiu atingir todos os seus objetivos com o Doge, embora dezenas de milhares de pessoas tenham sido retiradas das folhas de pagamento do governo federal e vários departamentos governamentais tenham sido dizimados ou completamente fechados.

Musk declarou ao Washington Post que continuará colaborando com o Doge, mas agora com foco em melhorar os sistemas de informática do governo federal, em vez de demitir mais funcionários.

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