Estaria Elon Musk interessado na América Latina? O bilionário usa a rede social X para comungar com o credo da direita, em uma região cujos recursos naturais poderiam torná-lo ainda mais rico.

Nos últimos anos, as ideias de Musk coincidem com as dos conservadores e ele as expressa sem filtros, embora tente não ser rotulado politicamente.

“A Venezuela possui uma grande riqueza em recursos naturais. Se Chávez não tivesse destruído sua economia aumentando o papel do governo até o socialismo extremo, o país seria muito próspero”, publicou o bilionário ontem no X.

A líder opositora venezuelana María Corina Machado reagiu na mesma rede social, onde ressaltou que os venezuelanos lutam “pela liberdade e democracia”. “A vasta riqueza em recursos naturais da Venezuela será aproveitada para reconstruir a nação e torná-la um país próspero, com uma economia de mercado moderna e um estado de direito, aberto a investimentos globais em todos os setores, assim que superarmos a ditadura de Maduro.”

O fundador e principal investidor da fabricante de carros elétricos Tesla, da Space X, Neuralink e OpenAI, reagiu a um discurso feito pelo presidente de El Salvador, Nayib Bukele, em um fórum conservador perto de Washington. “Ele tem razão”, afirmou o empresário, sobre um trecho em que Bukele alertava para o perigo da criminalidade e do narcotráfico nos Estados Unidos.

Além das suas afinidades ideológicas, no entanto, Musk é um homem pragmático, um empreendedor com grande faro para os negócios.

– ‘Temos que conversar’ –

“A prosperidade está prestes a chegar à Argentina”, publicou o segundo homem mais rico do mundo quando o ultraliberal Javier Milei venceu as eleições. “Temos que conversar, Elon”, respondeu Milei no X.

Em entrevista divulgada hoje pela Bloomberg, Milei afirma que se reunirá em breve com Musk, que “terá um papel preponderante na nova Argentina. A Starlink já está entrando na Argentina.”

O magnata quer conquistar o mercado latino com sua empresa de internet por satélite que aumenta a conectividade, o que está conseguindo em países como Brasil e Chile. No México, fechou vários contratos com a Starlink e vai construir uma nova fábrica da Tesla.

A Argentina pode ser um filão para seus carros elétricos, por fazer parte, com Bolívia e Chile, do chamado “Triângulo do Lítio”, um elemento essencial para a produção de baterias.

O empresário sul-africano viveu como imigrante até se tornar um cidadão americano, em 2002, mas sua realidade nada tem a ver com as dificuldades enfrentadas por milhões de latinos que emigram para os Estados Unidos para fugir da violência, corrupção ou pobreza. A imigração, no entanto, é um dos seus temas recorrentes no X, onde ele se defende daqueles que o chamam de anti-imigrante.

Em setembro passado, durante uma visita à fronteira com o México acompanhado do congressista republicano Tony Gonzáles, Musk declarou-se a favor da imigração para pessoas “trabalhadoras e honestas” e criticou aquelas que “violam a lei”. Nesta semana, afirmou que os roubos cometidos por grupos criminosos chilenos que entram nos Estados Unidos graças ao programa de isenção de vistos vão piorar “se medidas não forem tomadas”.

A poucos meses das eleições presidenciais americanas, que serão disputadas pelo democrata Joe Biden e pelo republicano Donald Trump, não se sabe se o bilionário fará campanha para algum deles. Há um mês, ele anunciou que não fará doações diretas para suas campanhas, mas não se pode prever como agirá esse homem imprevisível, que chegou a colocar em apuros suas próprias empresas.

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