Segunda peça da trilogia de pesquisa da Tô em Outra Cia. de Teatro sobre Teatro Grego e Periferia, Guerra de Papel – uma Tragédia Urbana musical é o novo espetáculo do grupo de repertório do Jaguaré, bairro na zona oeste de São Paulo. Em circulação pelo Estado, o grupo se apresenta dia 2 de junho no Teatro Glória Rocha, em Jundiaí; dias 7 e 8 de junho no Centro e Eventos Barueri; dia 13 de junho em São Caetano do Sul, dias 18 e 19 de junho no Teatro Adamastor e Ponte Alta em Guarulhos; dias 21, 22 e 23 de junho no Teatro Arthur Azevedo em São Paulo e dias 13 e 14 de julho em Osasco.
A peça trata da tragédia diária ocorrida nas periferias do Brasil, palco da violência sofrida pelas comunidades residentes nessas regiões. Na adaptação do mito grego de Antígona para os dias atuais, foi concebida uma interpretação brechtiniana. Com duração de 60 minutos, em média, a encenação acontece ao vivo com atores e banda de quatro músicos, executando 12 canções.
Enquanto na mitologia grega, a figura de Antígona – filha do casamento incestuoso de Édipo e Jocasta – é aquela que tenta enterrar seu irmão, na peça da companhia ela é a personagem central, a mulher negra na luta para descobrir quem tirou a vida de seu filho Aramiz, morto em consequência de uma bala perdida dentro da sala de aula.
Se no primeiro espetáculo da trilogia (Das Ruas, um Orfeu de Mochila), o grupo adaptou o mito de Orfeu e Eurídice para os tempos atuais, celebrando o amor, em Guerra de Papel a Tô em Outra Cia. de Teatro – sempre na estética do teatro musical – transporta o mito de Antígona para a contemporaneidade e retrata o luto.
A reflexão proposta agora passa pelo precário ensino público brasileiro e o genocídio dos negros, principalmente em escolas periféricas, consequência do combate entre polícia e traficantes. Depois da tragédia com o filho, Antígona estampa o rosto do menino nos jornais, camisetas e em sua janela, gritando em sua comunidade, fazendo sua própria guerra.
“Queremos falar sobre as mortes nas periferias, sempre invalidadas pela mídia e pela polícia, que nunca realiza uma investigação séria para encontrar o culpado. Exemplo é o ocorrido com o assassinato de Marielle Franco. Um caso famoso, de uma vereadora periférica, pessoa pública, até bem pouco tempo sem conclusão”, comenta o Diretor Geral Jorge Alves.
DRAMATURGIA
Os mitos colaboram na compreensão das relações humanas e ajudam a ampliar nosso entendimento sobre o mundo e nós mesmos. Eternos, estão presentes na vida de cada ser humano, que é um pouco Deus e herói de sua própria história. A mulher na obra é muito presente.
A professora, a irmã e a mãe, três mulheres que tiveram seus pensamentos e sentimentos revirados por uma criança que teve sua vida interrompida. Também retratada na peça, Ismênia, irmã de Antígona, é a mulher que perdeu o sobrinho de forma brutal, uma pessoa que tenta amenizar o peso da saudade e a da insatisfação da vida, tanto dela quanto de sua irmã Antígona. Se sente impotente, não encontra força em seus braços para segurar a irmã e mesmo com esse sentimento, ela está o tempo todo pensando na sua família.
Regida pelas lembranças do filho, Antígona sente cada vez mais raiva da justiça dos homens e espera encontrar paz na justiça divina. A professora abre a narrativa com uma conversa sincera com Deus, tentando buscar as respostas para os questionamentos que não encontra nos mortais. A morte do filho leva Antígona a repensar o futuro dos alunos e buscar outra forma, através do ensino, para tornar seus alunos seres pensantes e realizadores.
“Escolhemos contar esta história para mostrar uma realidade que, infelizmente, ainda é muito presente. A lei natural da vida é que os filhos enterrem seus pais, mas sabemos que o destino inverte de forma cruel os papéis”, comenta o ator Jorge Alves. “A peça é dura, assim como a vida da minoria-maioria da população”, pensa Jorge Alves.
ROTEIRO
JUNDIAÍ – Dia 2 de Junho às 15h e às 19h
Ingressos gratuitos pela Sympla. Centro das Artes Prefeito Pedro Fávaro
Sala Glória Rocha. R. Barão de Jundiaí, 1093 – Centro, Jundiaí – SP
Classificação indicativa: 14 anos
SÃO CAETANO DO SUL – Dias 12 e 13 de Junho às 20h
Ingressos gratuitos retirar na bilheteria. Teatro Santos Dumont. Av. Goiás, 1111 – Centro, São Caetano do Sul – SP- Classificação indicativa: 14 anos
GUARULHOS – Dias 18 e 19 de Junho às 20h
Teatro Adamastor. Ingressos gratuitos retirar na bilheteria. Av. Monteiro Lobato, 734 – Macedo – Guarulhos. SP
Dias 18 e 19 de Junho às 20h – Teatro Ponte Alta. Ingressos gratuitos. Retirar na bilheteria.
Av. Florestan Fernandes, s/nº, Jd Ponte Alta – Guarulhos -SP
Classificação indicativa: 14 anos
SÃO PAULO – Dias 21, 22 e 23 de Junho
Sex e Sáb às 21h e Dom às 19h. Ingressos R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)
Vendas em Sympla e na bilheteria do teatro com 1h antes
Teatro Arthur Azevedo. Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP
Classificação indicativa: 14 anos
BARUERI – Dias 27 e 28 de junho
Quinta e Sexta – 20h
Centro de Eventos Barueri – Auditório B – Av. Sebastião Davino dos Reis, 672 – Barueri
Ingressos gratuitos. Retirar na bilheteria
Classificação indicativa: 14 anos.