O mês de agosto oferece um gosto especial para os 245 profissionais que trabalham diretamente na temporada do musical O Fantasma da Ópera – no dia 1.º, o espetáculo completou um ano em cartaz, feito raro mesmo para musicais. E, com as duas sessões deste domingo, 11, a temporada vai chegar a 384 apresentações.

E, mesmo ficando em cartaz até 22 de dezembro, com sete récitas semanais, a montagem atual não conseguirá bater a marcar recorde da versão de 2005, que somou 677 apresentações. Mesmo assim, uma cifra expressiva. “Isso mostra como história de amor ainda faz sucesso”, observa Rodrigo Miallaret, atual diretor residente, ou seja, o responsável por manter a apresentação do espetáculo a mesma todos os dias, e de acordo com o original. “Com o tempo, é normal o elenco trazer algumas modificações, o que não é permitido por contrato”, completa ele, que esteve até recentemente no elenco. Sua experiência na função (atuou como residente também durante a temporada de 2005) e sua capacidade de vislumbrar o espetáculo como um todo o credenciaram como profissional ideal para o cargo.

“A história traz muitas emoções que tocam os atores, mesmo fazendo o papel durante muito tempo”, observa o tenor Thiago Arancam, que interpreta o Fantasma. Sua escolha, aliás, foi ratificada por Harold Prince, diretor da montagem original, de 1986, e apontada até hoje como a ideal.

Inspirado no romance homônimo de Gaston Leroux, o enredo que traz libreto e músicas de Andrew Lloyd Webber conta a história de um desfigurado e atormentado gênio da música (Arancam) que assombra as dependências da Ópera de Paris, no final do século 19, até se apaixonar pela corista Christine (Lina Mendes, com Giulia Nadruz como alternante) e decidir transformá-la em uma das maiores estrelas da ópera. Os problemas surgem quando ele encontra o namorado de infância de Christine, Raoul (Fred Silveira), por quem ela ainda está apaixonada.

Para levar essa história para o palco, é preciso o trabalho de um exército de pessoas – além dos 245 diretos, que são devidamente contratados, com salários de acordo com a CLT, ainda há a necessidade de 735 profissionais indiretos. “E, nos últimos meses, não estamos usando leis de incentivo”, informa Renata Alvim, gerente geral da divisão de teatro da T4F. Ou seja, a bilheteria tem grande peso na manutenção.

E a produção envolve números grandiosos. São 230 figurinos e 111 perucas – só no número Carnaval, por exemplo, são usadas ao todo 35 máscaras. A utilizada por Arancam é personalizada, moldada a partir do contorno de seu rosto. “Aos poucos, aprendi a como cantar mesmo tendo os movimentos de uma face limitados pela máscara”, conta o ator, que precisa de 90 minutos de maquiagem para ficar pronto.

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Administrar uma temporada tão longa é outro desafio. “Eu nunca tinha feito um mesmo espetáculo durante tanto tempo”, admite Lina Mendes, que impressiona no papel de Christine. “Permite descobrir as nuances da personagem, suas emoções.” O papel é um desafio. “Isso porque Christine começa frágil e, pela música, descobre sua força”, completa Giulia Nadruz, igualmente notável no mesmo papel.


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