Há dois meses em São Paulo, a diretora e coreógrafa americana Lynne Kurziel-Formato já coleciona mais certezas que dúvidas – com a experiência de quem já esteve à frente de diversos musicais no mundo, Lynne comanda a versão brasileira de A Pequena Sereia, um dos mais admirados espetáculos da Broadway, cuja estreia acontece dia 30 de março, no Teatro Santander. “Já percebi que temos um elenco forte, comprometido, que vem trabalhando com a paixão esperada”, disse ela à reportagem, no intervalo do primeiro ensaio com o elenco de 33 atores, na tarde de quarta-feira, 31, em São Paulo.

Não se trata, de fato, de um espetáculo qualquer – afinal, é a primeira vez que a Disney autoriza uma montagem no País, sem obrigação de ser uma réplica da americana. Isso significa que, além de uma percussão mais forte, a melodia trará vestígios de samba e música baiana, especialmente o som do berimbau. “A partitura original, de Alan Menken, tem tessituras complexas e faz com que os atores busquem regiões na voz nem sempre confortáveis”, observa a diretora musical Vânia Pajares. “Além disso, a coreografia é detalhada, complexa, o que exige do elenco aquela naturalidade para cantar, dançar e ainda dizer suas falas.”

“Nosso maior desafio foi criar versões totalmente novas de canções conhecidas do desenho”, comenta Victor Mühlethaler, que assina a versão brasileira com Mariana Elisabetsky.

É nesse ponto que a diretora Lynne já acumula mais certezas – designada pela Disney para acompanhar desde o processo de seleção (que contou com mais de 2 mil inscritos), ela já enumera ganhos sucessivos. “Tiago e Fabi parecem ter nascido para viver esses papéis”, comenta a americana, referindo-se a Tiago Abravanel e Fabi Bang, que vivem dois dos protagonistas, o caranguejo Sebastião e a sereia Ariel. “Ambos já dominam o sentimento de seus personagens.”

Baseado no desenho que a própria Disney lançou em 1989 (e que reergueu o departamento de animação do estúdio), A Pequena Sereia acompanha a história de Ariel que, apesar de viver no fundo do mar, quer pertencer ao mundo dos homens depois de ter conhecido o príncipe Eric (Rodrigo Negrini), graças à ajuda de seu melhor amigo, Linguado (Lucas Cândido). “Ariel não está satisfeita com sua vida e quer mudar. Ela simboliza as pessoas que buscam sempre evoluir”, conta Fabi, empolgada com o papel, símbolo de sua carreira em ascensão. “Ariel é o fruto que colhi dos trabalhos anteriores, em Wicked e Kiss Me, Kate.”

É sua interação com Tiago Abravanel que empolga a diretora Lynne. “Estudei muito o universo marítimo, especialmente a forma como os caranguejos se movimentam dentro e fora d’água”, conta o ator, que adota um sotaque baiano para o personagem. “O original é jamaicano e, como teremos toques de brasilidade na versão, decidimos por algo nordestino.”

Sua atuação no ensaio promete um grande sucesso, graças ao pleno domínio do humor. Algo que deverá ecoar com a atuação de Andrezza Massei, que viverá a bruxa do mar Úrsula. “É minha vilã favorita”, festeja ela, ganhadora de todos os prêmios por sua impecável atuação em Les Misérables, no ano passado. Andrezza terá um desafio no canto, ao ter de adequar sua voz a um tom mais grave.

“Na verdade, são muitas as canções que puxam as notas”, completa Rodrigo Negrini, feliz com seu primeiro papel protagonista. “Tenho dois solos”, conta, orgulhoso, depois de revelar seu talento no ensaio acompanhado pela reportagem.

A montagem brasileira vai surpreender ainda com diversos voos dos atores, simulando passeios no fundo do mar. “Será uma produção para toda a família”, confia Stephanie Mayorkis, coprodutora do espetáculo e diretora da IMM.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.