A estrela pop e ícone LBTQ+ Lady Gaga, de 32 anos, costuma se apresentar fantasiada diante de suas falanges de fãs — que apelidou de “little monsters” — com trajes os mais extravagantes. Mesmo quando sai nua de um ovo gigante, como o fez durante uma cerimônia do prêmio Grammy, esbanja maquiagem. Salvo sequências fugidias de um ou outro documentário, é difícil vê-la ao natural. Até sua voz potente e a grande inspiração como compositora se deixam encobrir pelas excentricidades visuais. No longa-metragem “Nasce uma Estrela”, que estreia em 11 de outubro, Stefani Joanne Angelina Germanotta se apresenta pela primeira vez como atriz, sem maquiagem. Sua personagem, a cantora Ally, serve para que ela desnude sua musicalidade.

Além do videoclipe

O filme também marca a estreia do ator Bradley Cooper na direção. Trata-se da quarta versão de uma trama sobre talento e frustração consagrada em Hollywood. Ela descreve o vaivém da gangorra amorosa e artística que entrelaça as vidas de um cantor famoso e uma cantora iniciante. Jackson Maine (interpretado por Cooper) e Ally se apaixonam e se casam, mas as carreiras seguem rumos opostos.

“Tive de atuar de rosto limpo e voz nua. Foi libertador” – Lady Gaga, cantora (Crédito:Getty Images)

“Sempre quis ser um astro de rock”, afirma Cooper. “A única maneira foi atuar como um.” Ele reesreveu o roteiro, ambientando a história nos palcos do rock sulista dos Estados Unidos. Músico amador, compôs parte das canções da trilha, algumas em parceria com Lady Gaga, que o orientou. Buscou explorar cenas e personagens em situações realistas. O orçamento da Warner era curto: US$ 30 milhões. Mas isso não o impediu de rodar, em 42 dias, cenas de show in loco em festivais de rock como Coachella, na Califórnia, e Glastonbury, na Inglaterra, nem de contratar grandes músicos. “Fiz questão que os caras da banda tocassem para valer”, disse Cooper. “A protagonista também tinha de ser uma cantora de verdade.” Chegou à conclusão de que a estrela Lady Gaga seria a sua Ally. “Descobri que ela conseguia cantar e atuar ao mesmo tempo e sem esforço”.

Ela disse que hesitou em aceitar o convite. Até então, só havia atuado em videoclipes. “No início da carreira, tive dificuldade de emplacar uma carreira de atriz, talvez por tudo o que sou, uma nova-iorquina ítalo-americana com certas características físicas”, disse na pré-estreia do filme no Festival Internacional de Filmes de Toronto (TIFF), em setembro. “Desisti da ideia e iniciei a carreira musical. Bradley fez com que eu readquirisse confiança em atuar. Além do que o filme é sobre o poder de acreditar em alguém.”

No teste de filmagem, Cooper exigiu que a estrela limpasse a maquiagem. “Como eu adoro me maquiar, tentei disfarçar com uma maquiagem que simulava não ser maquiagem, mas ele descobriu”, disse Lady Gaga. “Tive de atuar de rosto limpo e voz nua. Foi libertador.”

Outro desafio foi cantar e compor não como Lady Gaga, mas como uma artista pop convencional. O resultado é uma coleção de belas canções finamente interpretadas e sequências que transportam o espectador ao ambiente trepidante de um concerto de rock real. Os críticos reagiram com euforia, e o filme foi aclamado nos agregadores de resenhas na internet nesta semana, com nota média de 90. “É um filme musical clássico”, afirma o crítico Peter Travers, da revista “Rolling Stone”. A corrida do Oscar começou.

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