13/06/2017 - 14:36
No mês de junho, o mundo inteiro celebra o orgulho LGBT. Por isso, também em comemoração, o Museu da Diversidade Sexual, em São Paulo, inaugura nesta terça-feira, 13, uma nova exposição, a 2ª Mostra Diversa.
A mostra, que inicia uma nova tradição de ser realizada a cada dois anos, tem como objetivo explorar o material artístico que vem sendo produzido com temática LGBT. Nesta edição, obras questionam o binarismo de gênero e os padrões excludentes da sexualidade, além de abordar discriminação e violência sofrida pela população LGBT, transexualidade e a arte drag queen.
Em entrevista, o diretor do Museu da Diversidade Sexual, Franco Reinaudo, que é o curador da mostra, revelou que mais de 70 projetos foram inscritos para a exposição e 17 foram selecionados, incluindo obras como Adágio, de Rafael Roncato, que é um ensaio com Laerte Coutinho, e POSTALGBT, de Weio, que se trata de uma coletânea de cartões postais de locais onde ocorreram crimes de ódio. “A gente percebeu que tem muita gente com a preocupação de fazer questionamentos sobre o que é imposto pela sociedade tanto em relação à questão de gênero quanto da sexualidade.”
A ideia de fazer uma mostra diversa, de acordo com o diretor, veio da demanda de artistas que trabalham a questão LGBT. “Há uma dificuldade para artistas que falam sobre a temática LGBT de conseguir espaço nos lugares mais tradicionais.” Para Reinaudo, o maior desafio para a montagem da exposição foi o pequeno espaço do museu, localizado numa loja do metrô República, em São Paulo. “A gente tem um espaço muito pequeno, de apenas 100 metros quadrados.”
Há um bom tempo, é prometido para o Museu da Diversidade Sexual um novo espaço no casarão Franco de Mello, na Avenida Paulista. Segundo Reinaudo, porém, ainda não há previsão sobre quando o museu mudará de endereço, já que, desde 2014, o Governo do Estado espera a imissão de posse do imóvel, que ainda é mantido como residência particular, para iniciar a restauração do local e a implantação do Museu da Diversidade Sexual no local.
Encontro de gerações
A exposição no Museu da Diversidade Sexual abriga uma grande variedade de obras e, também, de artistas, reunindo diferentes gerações – artistas e profissionais experientes e também iniciantes e mais jovens. Com mais de uma década fotografando paradas LGBT e outros eventos da comunidade, o fotógrafo Pedro Stephan é um dos veteranos que integram a exposição. Na mostra, está exposta uma série de imagens com o título de Baixa Tecnologia, já que foram captadas por ele com um celular antigo, com câmera de apenas um megapixel, em festas e no Carnaval, focando no mundo underground LGBT e na performance de artistas que trabalham com o movimento do corpo na noite. “Foi uma aventura porque eu não tinha o menor controle sobre a câmera”, conta.
“Eu tenho uma carreira longa e para mim é uma honra participar desta exposição”, diz Stephan sobre o fato da mostra ter início no mês mundial do orgulho LGBT. “O Museu da Diversidade é um espaço para você não só expor obras com esta temática, sem nenhum tipo de censura, mas também um lugar com uma custódia da memória homossexual, que é uma história recente.”
Participando de exposições desde 2013, o artista plástico Bruno Novaes também atua como professor e uniu suas experiências no trabalho Apostila de Ciências, que integra a 2ª Mostra Diversa, em que questiona o desenvolvimento biológico ensinado para as crianças, do menino e da menina que crescem até se tornarem homem e mulher. “Eu me aproprio desses dois modelos cisgênero e apresento dois novos modelos que são transexuais, é uma abertura para a discussão sobre o assunto”, explica.
Todas as 17 peças da 2ªMostra da Diversidade estarão expostas a partir das 17h desta terça-feira, 13, até o dia 30 de setembro.
Museu da Diversidade Sexual
Estação República do Metrô – Piso Mezanino, loja 518
De terça a domingo, das 10h às 20h
Entrada gratuita