Um museu da cidade de Berlim, na Alemanha, restituiu aos herdeiros nesta segunda-feira (18), mas depois comprou de volta, um quadro do pintor impressionista francês Camille Pissaro, espoliado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Intitulado “Une Place à la Roche-Guyon”, o quadro estava em exposição desde 1961 na Alte Nationalgalerie, situada na ilha dos museus de Berlim, e dedicada à arte alemã do século XIX, e também aos impressionistas franceses.

Para poder seguir com a obra em sua coleção, o museu indenizou a família do colecionador Armand Dorville, um advogado francês e grande entusiasta da arte, falecido em 1941, que era judeu e cujos herdeiros tiveram várias obras confiscadas pelo regime colaboracionista de Vichy, que as colocou em leilão.

Algumas obras foram compradas por museus, outras por colecionadores particulares. Quase toda a família Dorville morreu durante a guerra.

“Tenho muito a agradecer aos herdeiros de Armand Dorville por tornar possível a compra desta obra para a Alte Nationalgalerie, e por terem vindo à Berlim com este propósito em particular”, destacou Hermann Parzinger, presidente da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano (SPK, na sigla em alemão), que administra o museu berlinense.

O valor da transação não foi revelado, mas a família indicou que queria que a obra permanecesse em exibição para o público, e que o acordo teve como fundamento o espírito da “boa cooperação”.

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“Trata-se de reparação para uma família, o que lhe permite olhar com um pouco mais de serenidade para o passado”, assinalou Antoine Delabre, genealogista da empresa ADD Associés e representante dos herdeiros de Dorville.

O museu tinha comprado a obra em 1961 de uma galeria de Londres, na Inglaterra, mas esclareceu que, “no período entre a venda em 1942 e a cessão, em 1961, não se sabia a procedência” exata do quadro.

Pintada em 1867, a tela com dimensões de 50 por 61 cm, comprada por Dorville em 1928, representa o centro da localidade de Roche-Guyon, no departamento de Val-d’Oise, na região parisiense.

Esta é a quarta devolução de uma obra aos herdeiros de Dorville por parte da Alemanha. Em janeiro de 2020, outros três quadros foram restituídos à família do colecionador francês, procedentes do enorme acervo acumulado por Cornelius Gurlitt, filho de um mercador de arte da época do Terceiro Reich.


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