Murilo Huff x Dona Ruth: o que decisão judicial revelou e quase ninguém notou

Coluna: Matheus Baldi

Mineiro, Matheus Baldi é jornalista e apresentador, com passagens por UOL, SBT, Record e Band. Com mais de 4 milhões de seguidores nas redes sociais, já ultrapassou os 2 bilhões de visualizações em seus vídeos na internet. Diariamente, Matheus compartilha sua visão apurada e informações exclusivas sobre os bastidores do show business.

Murilo Huff x Dona Ruth: o que decisão judicial revelou e quase ninguém notou

Guarda de Leo é definida na Justiça e acaba escancarando famoso dilema familiar que a lei não alcança

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Nesta semana, a Justiça decidiu que Leo, filho de Marília Mendonça, deixaria de morar com a avó, Dona Ruth, e passaria a viver com o pai, o cantor Murilo Huff. Mas, como sempre costumo dizer por aqui, por trás de toda notícia sempre existe um famoso dilema humano, muito maior.

Neste caso, também existe uma dor silenciosa que só quem ama entende, a de ter que lutar na Justiça por alguém que deveria ser protegido, não disputado. Essa decisão judicial foi apenas o capítulo mais recente de uma história marcada por afeto, perdas e, agora, acusações dolorosas.

O juiz foi direto ao afirmar que a responsabilidade do pai pelo cuidado do filho é a regra, e não a exceção. Para a Justiça, a paternidade não é algo simbólico, mas um dever legal e afetivo que não pode ser ignorado.

Mas como traduzir, em papéis timbrados, a ausência irreparável de uma mãe, o amor de uma avó que criou no colo e o desejo legítimo de um pai de assumir o seu lugar?

Esse caso escancara algo maior. Ele não fala apenas sobre guarda judicial. Ele expõe o choque entre formas distintas de amar e cuidar. De um lado, o colo que acolheu. Do outro, o dever intransferível de um pai que decidiu, com coragem, assumir os cuidados e a criação do filho.

E foi impossível não me lembrar de um livro que gosto bastante e que sempre me desperta muitas reflexões. As Cinco Áreas da Vida, de Samer Agi. Ali, o autor lembra que relacionamentos são o maior ativo que temos. Neles está a fonte de nossas maiores alegrias e também das dores mais profundas.

O que vemos nesse caso foi exatamente isso. Um relacionamento familiar dilacerado entre páginas de um processo judicial e até troca de ataques nas redes sociais.

Murilo apresentou comprovantes de despesas, ajustou agendas, cancelou compromissos e reorganizou sua vida artística para ser, antes de tudo, pai. Já Dona Ruth, que cuidou de Leo desde o nascimento, foi citada nos autos do processo por omitir informações médicas e até esconder medicamentos.

Como a Coluna Matheus Baldi havia revelado aqui, com exclusividade, na semana passada, um dos episódios, inclusive, envolve a decisão de Dona Ruth de sair do grupo de WhatsApp criado para monitorar a glicemia de Leo. No grupo, além dela, estavam a babá, a enfermeira e o pai da criança, justamente para facilitar a troca de informações, em tempo real, sobre alimentação, aplicação de insulina e controle dos níveis glicêmicos. Fatos que, por mais duros que pareçam, constam na ação judicial.

É difícil, até para quem consegue ser mais frio, ver o nome de uma avó associado a palavras como negligência e alienação parental. Afinal, como sempre falo aqui, avós são sinônimos de afeto.

Mas, em outro trecho potente de sua obra, Samer Agi alerta que não há como desenvolver um relacionamento saudável onde há competição ou manipulação. É preciso aprender a respeitar o espaço do outro.

E talvez, justamente aí, more o maior aprendizado.

O juiz não julgou amor ou intenção. Julgou dever e equilíbrio. Garantiu que Dona Ruth siga presente na vida de Leo, mas deu a Murilo o papel de conduzir essa nova fase.

Esse episódio não é exclusivo do universo das celebridades. Quantas famílias, longe dos holofotes, vivem lutas silenciosas parecidas? Quantas crianças estão no centro de disputas entre adultos que, no fundo, só não aprenderam a dialogar?

Em um dos momentos mais incríveis do livro, Samer escreve: “Onde há ego, não há paz. Onde há disputa, não há amor pleno.”

Leo não escolheu nascer famoso, tampouco pediu para ser o centro dessa batalha. Mas cabe aos adultos garantir que, no futuro, ele olhe para trás e veja que, mesmo em meio à dor, houve respeito.

E é com mais uma frase poderosa de Samer que encerro essa reflexão: “Tudo o que você faz hoje será a história que você contará amanhã.”

Que o desfecho dessa história do Leo, do Murilo e da Dona Ruth não seja apenas mais um capítulo de um escândalo de celebridades que viralizou na internet. Mas que seja, para todos nós, uma lição sobre maturidade, sobre a difícil arte de saber ceder quando é preciso e sobre colocar o bem de quem se ama acima de qualquer embate.

Aliás, recomendo. Se você ainda não leu As Cinco Áreas da Vida, leia. Porque, no fim, todos nós estamos tentando equilibrar exatamente isso. Amor, fé, saúde, finanças e sabedoria.