O Brasil já tem definida a equipe que o representará nas provas de ciclismo de estrada nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Na noite de quarta-feira, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) anunciou os nomes de Murilo Fisher e Kleber Ramos no masculino e Clemilda Fernandes e Fernanda Oliveira no feminino – ambas já cumpriram suspensão por doping.

Com isso, está fechada a equipe da CBC para o Rio-2016, uma vez que a entidade já havia convocado Renato Rezende e Priscila Carnaval no BMX, Gideoni Monteiro no ciclismo de pista e Henrique Avancini, Raiza Goulão e Rubinho Donizete no mountain bike.

Nestas três disciplinas, o ranking mundial foi adotado como único critério para convocação. No ciclismo de estrada, o Brasil conseguiu só duas vagas em cada uma das provas de resistência – não se classificou para o contrarrelógio – e convocou a partir de critérios subjetivos.

A escolha de Murilo Fisher já era esperada porque ele é o principal ciclista brasileiro da atualidade. Aos 36 anos, ele está há mais de uma década na Europa. Pela francesa FDJ, foi o único brasileiro no Giro D’Itália, mês passado, terminando só na 152ª colocação. Murilo esteve nas últimas quatro Olimpíadas, ficando em 19º em Pequim-2008.

A segunda vaga era uma incógnita, disputada por diversos ciclistas. A comissão técnica optou por chamar Kleber Ramos, de 30 anos, atleta da Funvic, de São José dos Campos. Argumentou que ele foi o sétimo no evento-teste, com boa atuação nos trechos de subida. O percurso olímpico será bastante íngreme.

Rafael Andriato, que ficou três anos em equipes europeias, quase não competiu este ano e acabou preterido. Caio Godoy, de apenas 21 anos, apontado como futuro do ciclismo brasileiro de estrada, vai ficar como reserva apesar de ter sido terceiro melhor montanhista no Tour do Marrocos, em abril.

MULHERES – No feminino, não havia muito segredo. Flávia Oliveira (ou Flávia Paparella) é a melhor brasileira da atualidade, tendo sido bronze no Campeonato Pan-Americano realizado no mês passado, na Colômbia. Atleta da equipe belga Lensworld – Zannata, ela foi sétima na versão feminina do Giro D’Itália do ano passado, faturando a camisa de melhor montanhista, no melhor resultado do ciclismo feminino do Brasil em todos os tempos.

A segunda vaga ficou com Clemilda Fernandes, apesar de todo o envolvimento da família dela com doping. A irmã Márcia e a prima Uênia, também atletas que eram da seleção brasileira, estão suspensas por doping. Janildes, também irmã de Clemilda, fica como reserva no Rio-2016.

Clemilda vai à terceira Olimpíada (foi 23ª em Londres), enquanto Flávia é estreante. Em comum, as duas têm manchas de doping no currículo. Ambas foram flagradas em 2009. Clemilda, por EPO, hormônio sintético também encontrado no organismo de Márcia (em 2014) e Uênia (2015). Flávia testou positivo para um estimulante, mas sempre alegou contaminação de um suplemento. Ambas receberam dois anos de suspensão, mas a pena de Flávia depois foi reduzida a 18 meses pela Corte Arbitral do Esporte.