08/03/2023 - 11:08
Por Jack Queen e Helen Coster e Dawn Chmielewski
(Reuters) – O presidente da Fox Corp, Rupert Murdoch, disse que os apresentadores Sean Hannity e Laura Ingraham talvez tenham ido “longe demais” em sua cobertura das alegações de fraude eleitoral nas eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos, de acordo com um email divulgado após uma série de exposições na terça-feira no processo de difamação da Dominion Voting Systems contra a emissora.
A Dominion processou a Fox News em 1,6 bilhão de dólares em 2021, acusando a emissora de amplificar as alegações desmentidas de que as máquinas de votação da Dominion foram usadas para fraudar a eleição contra o republicano Donald Trump e a favor de seu rival, o democrata Joe Biden
Os documentos, que se tornaram públicos na terça-feira, oferecem um vislumbre das deliberações internas da Fox ao cobrir as eleições de 2020, surpreendendo alguns telespectadores por ser a primeira rede a projetar que Biden venceria o Estado crucial do Arizona.
Os documentos mostram as discussões entre altos executivos, produtores e apresentadores, que exibiam preocupações sobre a reputação da rede e apresentavam dúvidas sobre a plausibilidade das alegações de fraude eleitoral de Trump.
Mais de 6.500 páginas foram divulgadas na terça-feira, embora a extensão total das evidências não esteja clara.
A Fox defendeu sua cobertura, argumentando que as alegações de Trump e seus advogados eram inerentemente dignas de nota e protegidas pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. A emissora disse em um comunicado que os documentos mostram a Dominion usando “distorções e desinformação” para “difamar a Fox News e atropelar a liberdade de expressão”.
Em uma das exposições, Murdoch enviou um email à presidente da Fox News, Suzanne Scott, em 21 de janeiro de 2021, perguntando: “É ‘indiscutível que vozes de alto perfil da Fox alimentaram a história de que a eleição foi roubada e que 6 de janeiro foi uma chance importante de anular o resultado?’. Talvez Sean e Laura tenham ido longe demais. Tudo bem para Sean dizer a você que estava desesperado com Trump, mas o que ele disse aos telespectadores?”.
Essa divulgação e outros materiais incluídos na moção de julgamento sumário da Dominion fazem parte do esforço da empresa de máquinas de votação para provar que a rede sabia que as declarações transmitidas eram falsas ou desconsiderou imprudentemente sua precisão. Esse é o padrão de “malícia real”, que as figuras públicas devem provar para prevalecer em um caso de difamação.
O julgamento, marcado para começar em 17 de abril, deve durar cinco semanas.
(Reportagem de Jack Queen e Helen Coster, em Nova York; Reportagem adicional de Dawn Chmielewski, em Los Angeles)