13/04/2022 - 13:00
O mundo “não presta a mesma atenção nas vidas dos negros como (presta) nas dos brancos”, afirmou, nesta quarta-feira (13), o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Thedros Adhanom Ghebreyesus.
“Toda a atenção prestada na Ucrânia é muito importante, evidentemente, porque tem um impacto em todo o mundo, mas não é sequer uma fração (dessa atenção) que se dá ao Tigré (a região etíope de onde é originário), ao Iêmen, ao Afeganistão, à Síria e aos demais”, citou o diretor-geral da OMS durante uma coletiva de imprensa.
“Devo ser direto e honesto: o mundo não trata a raça humana da mesma maneira”, disse Tedros.
“E quando digo isso, me encho de tristeza (…) É muito difícil de aceitar, mas é o que acontece”, insistiu, esperando que “o mundo voltará à razão e tratará cada vida humana da mesma maneira”.
Tedros aproveitou a coletiva para falar da situação da sua região natal, onde as autoridades estão em confronto com as forças governamentais.
Concretamente, teme que a trégua humanitária decretada em 24 de março pelo governo de Adis Abeba para permitir a entrada de ajuda humanitária no Tigré seja “uma manobra diplomática”.
Onde deveriam ter chegado 2.000 caminhões de ajuda, “só chegaram 20 no total, o que representa 1% das necessidades”, denunciou o chefe da OMS.
Segundo Tedros, o fato de que o acesso de ajuda à região não seja totalmente livre ainda pode provocar milhares de mortos.
O conflito, que se iniciou em novembro de 2020 e se estendeu para além do Tigré, deixou milhares de mortos e milhões de pessoas com fome. Ambos os lados foram acusados de cometer atrocidades.
“O que ocorre na Etiópia é trágico, as pessoas são queimadas vivas apenas por sua etnia e não estou seguro de que isso seja levado a sério nos meios de comunicação”, destacou o diretor-geral.
“Necessitamos de um equilíbrio. Temos que levar a sério cada vida porque cada vida é preciosa”, completou.