Mundo enfrenta uma nova corrida armamentista nuclear, alerta instituto

Os principais Estados que possuem armas nucleares continuaram modernizando seus arsenais no ano passado, abrindo caminho para uma nova corrida armamentista nuclear, advertiu o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) em um relatório publicado nesta segunda-feira (16, data local).

As potências nucleares, especialmente Estados Unidos e Rússia – que representam cerca de 90% das reservas mundiais – iniciaram “a modernização das armas existentes e estão adicionando novas versões”, afirma o Sipri em um comunicado.

Desde o fim da Guerra Fria, as antigas ogivas nucleares foram, em geral, desmanteladas mais rapidamente do que novas foram implantadas, o que levou a uma diminuição do número total de ogivas.

Essa tendência pode se inverter nos próximos anos.

“O que já estamos observando é que o número de ogivas nucleares operacionais começa a aumentar”, declarou à AFP Dan Smith, diretor do Sipri.

Esse é o caso da China que, segundo cálculos do instituto, possui cerca de 600 ogivas nucleares, após adicionar 100 novas tanto em 2023 quanto em 2024.

“A China aumenta regularmente seu arsenal nuclear”, afirma Smith. É “possível que atinja 1.000 ogivas dentro de sete ou oito anos”, acrescenta.

– “Altamente tecnológica” –

O Sipri registrou um total de 12.241 ogivas em janeiro de 2025, das quais 9.614 estavam armazenadas com vistas a um uso potencial.

Rússia e Estados Unidos dispõem de “vastos programas de modernização e substituição de suas ogivas nucleares”, indica o relatório.

O Reino Unido não teria aumentado seu número de ogivas em 2024, mas, considerando a decisão tomada pelo país em 2021 de elevar o limite de 225 para 260 ogivas, é provável que esse número cresça no futuro, acrescenta o documento.

Embora o arsenal da França permaneça estável em cerca de 290 ogivas, “seu programa de modernização nuclear avançou em 2024”.

Índia e Paquistão “continuaram desenvolvendo novos tipos de vetores de armas nucleares em 2024”.

No início de 2025, a Índia dispunha de uma “reserva crescente” de cerca de 180 armas nucleares, enquanto o arsenal do Paquistão se mantém estável em aproximadamente 170 ogivas.

O programa de armas nucleares da Coreia do Norte está “no centro de sua estratégia de segurança nacional”, segundo o relatório, que estima seu arsenal em cerca de 50 ogivas, podendo chegar a um total “de 90 ogivas” no futuro.

Israel, que não reconhece oficialmente possuir armas nucleares, também estaria modernizando seu arsenal, que o Sipri estima em cerca de 90 ogivas no início deste ano.

A nova corrida armamentista nuclear que se aproxima não se refere apenas “ao número de ogivas”, adverte Smith.

“Ela será altamente tecnológica” e ocorrerá tanto “no espaço quanto no ciberespaço”, já que os programas para controlar e guiar as armas nucleares também se tornarão um setor competitivo, acrescenta o especialista.

O rápido desenvolvimento da inteligência artificial provavelmente terá um papel importante, inicialmente como complemento aos humanos.

“A próxima etapa seria passar à automação total. Esse é um passo que jamais deve ser dado”, afirma Smith.

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