Muita coisa estranha aconteceu no cenário econômico, no Brasil e em todo o mundo. Aqui, juros de 2% ao ano; externamente, juros negativos. Em meio a mais aguda recessão global já registrada, com Bolsas de Valores batendo seguidos recordes. Há dois anos, o preço futuro do petróleo era negativo e hoje, é recorde. A moeda que mais se apreciou neste ano foi o rublo russo…
No entanto, a conta da injeção de liquidez no mundo chegou e a inflação começou a galopar em todo o planeta. O lockdown
na China quebrou cadeias de suprimentos globais. Navios não desembarcam na China, o que leva os preços dos fretes às alturas. A guerra entre Rússia e Ucrânia derruba a oferta de alimentos, fertilizantes e energia, jogando ainda mais gasolina no fogo da inflação mundial. Com tudo isso, a inflação bate recorde, fazendo os juros subirem mundo afora, o que causa uma reprecificação para baixo de todos os ativos. Nesse caso, o risco de uma nova recessão global é cada vez maior. Nas últimas décadas, sempre que a economia mundial pegou um resfriado, a brasileira pegou uma pneumonia.

É aí que, talvez, tenhamos mais uma grande surpresa. Se a recessão global for branda e não vier acompanhada de uma nova crise financeira global, é possível que, desta vez, o Brasil esteja entre os países que menos sofrerão. O combate à pressão inflacionária aqui está muito mais adiantado do que no exterior. No Brasil, a taxa básica de juros já supera a inflação em
12 meses. Além disso, a taxa de desemprego nacional ainda é muito elevada, não alimentando a inflação de custos. A maior parte dos ativos financeiros brasileiros não teve altas similares a de outras economias. Por isso, agora, tem caído menos. Com
a China controlando a pandemia, o lockdown deve terminar. A reativação de seu mercado manterá a demanda por commodities forte, o que favorecerá as exportações brasileiras e o Real, limitando a pressão inflacionária no País.

O combate à pressão inflacionária aqui está muito mais adiantado que no exterior. No País, a taxa básica de juros já supera a inflação em 12 meses

No 1º trimestre, o PIB brasileiro cresceu mais do que o da maioria das outras grandes economias. É possível que isso se repita no 2º trimestre e no 2º semestre do ano que vem. Isso se junto com o fim da incerteza eleitoral, ficarem para trás medidas e propostas eleitoreiras dos candidatos que lideram as pesquisas.