Primeiro foi o Paris Saint-Germain. Agora, o Manchester City. No fim das contas, com um pagamento robusto em dinheiro no fim das contas, um clube pode acabar escapando do controle financeiro no Tribunal de Arbitragem. Afinal, a decisão do Cas, revogando a sanção da UEFA por dois anos, afastando-o das competições europeias, deixa o tal padrão do fair play financeiro como uma questão meramente teórica, ilustrativa. O fim da sanção do PSG foi mais escandalosa, é verdade. Mas a decisão que favoreceu o Manchester City, na segunda-feira, com o tribunal concluindo que o clube inglês não disfarçava o financiamento de capital como contribuições de patrocínios, foi péssima. O tribunal considerou que a maioria das supostas violações prescreveram ou não foram estabelecidas. E a multa de dez milhões de euros (R$ 50 milhões) foi determinada por causa do clube não ter ‘cooperado com as autoridades’.

O City sempre indicou ter muita confiança de que não sofreria uma sanção severa, que era exclusão das competições europeia por algumas temporadas. E logicamente ficou muito satisfeito porque o tribunal deu razão aos seus dirigentes na parte mais complicada, batendo o martelo numa multa, o que foi muito mais suave ( vamos lembrar que não há investigação da UEFA sobre o controle financeiro da cidade, isso veio de denúncias do Football Leaks). Agora, será difícil que exista uma penalidade de exclusão de qualquer agremiação depois que dois clubes economicamente poderosos como PSG e City, nas mãos dos xeques árabes, só tiveram que pagar uma multa por prescrição ou porque as infrações ainda não haviam sido cometida.

Não haveria que duvidar sobre as decisões do CAS, mas o sentimento dos outros clubes com o que ocorreu na segunda-feira foi que, com uma multa, eles passariam nos exames financeiros do fair play. Certamente o City está certo quando se apega às suas reivindicações de defesa, mas é claro que essa regra não é mais poderosa no mundo do futebol. Para os clubes que são financiados por países, para os poderosos, o dinheiro não é problema.
Mas vale a pena se alegrar pelos jogadores e por Guardiola, que continuará competindo na Europa.

NR: Santi Nola é diretor e colunista do ‘Mundo Deportivo’ , diário de Barcelona e pacdeiro do LANCE! no pool de jornais esportivos