As primeiras celebrações do Ano Novo começaram nesta quarta-feira (31) nos países do Pacífico, que se despediram de 2025, um ano turbulento marcado por conflitos internacionais, como o de Gaza, e o retorno de Donald Trump à Casa Branca.
O ano que termina foi um dos mais quentes já registrados, com temperaturas sufocantes e um calor que alimentou incêndios florestais na Europa e causou secas na África e chuvas devastadoras no Sudeste Asiático.
Nações do Pacífico como Kiribati e Samoa foram as primeiras a brindar por 2026, seguidas pela Nova Zelândia, cuja capital Wellington se iluminou com fogos de artifício.
Em Sydney, uma das primeiras grandes cidades a dar as boas-vindas a 2026, os preparativos ganharam um sabor amargo. Há duas semanas, dois homens invadiram uma festa judaica na Praia de Bondi e mataram 15 pessoas, o pior massacre no país em quase 30 anos.
Espera-se que centenas de milhares de espectadores lotem o porto de Sydney para assistir a nove toneladas de fogos de artifício, sob fortes medidas de segurança.
Ao longo da noite, moradores e turistas começaram a se reunir no cais e os veleiros se espalharam pela água para garantir os melhores lugares de observação perto da icônica Ópera da cidade australiana.
“Os fogos de artifício sempre estiveram na minha lista de coisas para fazer antes de morrer e estou muito feliz por estar aqui”, disse Susana Suisuikli, uma turista inglesa.
As comemorações também são aguardadas com ansiedade em Nova York e nas ruas frias da Escócia com o festival Hogmanay. Mas será a praia carioca de Copacabana que verá a maior festa de Ano Novo do planeta, com a chegada prevista de 2,5 milhões de pessoas.
O evento contará com shows em três palcos, liderados pelo lendário Gilberto Gil, e um show com 1.200 drones, além do tradicional espetáculo pirotécnico.
– Labubus e roubo –
O ano também foi marcado pela febre mundial dos bonecos Labubu, pelo roubo de joias no Museu do Louvre, em Paris, e pelo aguardado retorno do grupo de K-pop BTS.
Entre as personalidades que morreram em 2025 estão o papa Francisco, a zoóloga britânica Jane Goodall e o ativista americano de extrema direita Charlie Kirk, cujo assassinato expôs as divisões políticas profundas nos Estados Unidos.
O retorno de Donald Trump ao poder, em janeiro, marcou a agenda internacional, a começar por uma ofensiva tarifária que mergulhou os mercados globais no caos.
“Não é ótimo ter uma FRONTEIRA FORTE, sem inflação, um exército poderoso e uma grande economia? Feliz Ano Novo!”, disse o presidente dos Estados Unidos na terça-feira em sua plataforma Truth Social.
Após dois anos de guerra, a pressão americana ajudou a obter um cessar-fogo entre Israel e o grupo palestino Hamas, embora os habitantes continuem tentando sobreviver neste território em ruínas.
“Esperamos que este pesadelo termine em 2026”, disse Hanaa Abu Amra, deslocada na Cidade de Gaza. “O mínimo que podemos pedir é uma vida normal: que a eletricidade seja restabelecida, que as ruas voltem ao normal”, adicionou.
Paralelamente, Washington aumentou sua presença militar no Caribe, realizou ataques contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas naquela região e pediu o bloqueio de todos os petroleiros sancionados que entrarem ou saírem da Venezuela, em uma escalada sem precedentes com Caracas.
Além disso, as operações migratórias de Trump afetaram duramente a América Latina, onde milhões de pessoas dependem das remessas para driblar a pobreza.
“Este não é o fim, este é o começo”, disse à AFP Pedro Gómez, indígena maia de 29 anos, ao chegar na terça-feira ao aeroporto da capital guatemalteca em um dos últimos voos do ano com deportados dos Estados Unidos.
– Copa do Mundo e missões espaciais –
Na América Latina, a Cidade do México organiza um evento popular tradicional que deve reunir centenas de milhares de pessoas para dançar e ouvir música eletrônica, em meio à preocupação com a situação da economia.
“Minha esperança é que as pessoas venham investir, que haja fontes de trabalho, para que os serviços de saúde e os serviços aos quais nós, aposentados, temos acesso possam estar em condições adequadas”, disse Enrique Flores, 61.
Na Argentina, a economia é uma fonte de preocupação, mas as atenções também vão estar voltadas para a Copa do Mundo, que será disputada simultaneamente em Estados Unidos, México e Canadá.
“Tenho muita fé e muita esperança de que a Argentina repita esse grande feito. Fomos campeões mundiais, então acho que isso pode acontecer”, disse a faxineira Celeste Meza, 40.
Além do esporte, os próximos 12 meses serão marcados por viagens espaciais. Mais de 50 anos após a última missão lunar Apollo, 2026 se anuncia como o ano em que a humanidade voltará a olhar para a Lua.
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