Uma multidão se reuniu nesta quarta-feira (22) no centro de Teerã para o cortejo fúnebre do presidente iraniano Ebrahim Raisi, que faleceu no domingo em um acidente de helicóptero.

“Estou triste. Vim tentar acalmar meu coração”, disse Maryam, uma professora de 41 anos que viajou com o marido e filho de uma cidade ao sul do Teerã.

O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, liderou a oração durante a cerimônia de despedida de Raisi e outras sete pessoas que morreram no acidente, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian.

“Perdemos uma personalidade excepcional. Era um bom irmão. Um funcionário eficaz, competente, sincero e sério”, declarou Khamenei sobre Raisi.

Khamenei, a principal autoridade do Irã, orou diante dos caixões das vítimas, cobertos com a bandeira da República Islâmica.

O aiatolá liderou a cerimônia na Universidade de Teerã, que também teve as presenças dos principais líderes do clero xiita e de membros do governo, incluindo Mohammad Mokhber, designado como presidente interino até as próximas eleições, marcadas para 28 de junho.

Também compareceram os comandantes do Exército e da Guarda Revolucionária, assim como o líder do gabinete político do movimento islamista palestino Hamas, Ismail Haniyeh, e o número dois do Hezbollah libanês, Naim Qassem.

“Estamos convencidos de que a República Islâmica do Irã continuará apoiando o povo palestino”, declarou Haniyeh, em um breve discurso, em meio aos gritos da multidão de “morte a Israel”.

Os movimentos, integrantes do chamado eixo de resistência contra Israel, são apoiados pelo Irã no contexto da guerra em Gaza entre Israel e Hamas.

Dezenas de milhares de pessoas se reuniram nas principais avenidas de Teerã, que decretou feriado nesta quarta-feira. Os moradores receberam mensagens nos telefones celulares que incentivavam o comparecimento ao funeral.

Muitas pessoas exibiam cartazes com imagens do presidente e bandeiras do Irã.

O acidente de helicóptero aconteceu no domingo em uma área montanhosa do noroeste do Irã, quando a comitiva do presidente seguia para a cidade de Tabriz após a inauguração de uma barragem na fronteira com o Azerbaijão.

A operação de resgate, dificultada pela chuva e pelo nevoeiro, envolveu dezenas de equipes e contou com a ajuda da Turquia, da Rússia e da União Europeia.

Na manhã de segunda-feira, a televisão estatal anunciou a morte do presidente de 63 anos, eleito em 2021 e considerado um dos favoritos para suceder Khamenei, 85 anos, no posto de guia supremo.

– Enterro na quinta-feira na cidade natal –

Khamenei declarou cinco dias de luto nacional. O funeral do presidente começou na terça-feira, quando dezenas de milhares de pessoas acompanharam o traslado dos caixões das vítimas de Tabriz até a cidade sagrada xiita de Qom.

De Teerã, os caixões de Raisi e dos integrantes de sua comitiva serão transportados para a província de Khorasan do Sul e, em seguida, para Mashhad, cidade natal do presidente falecido, onde ele será sepultado na quinta-feira.

Os grandes funerais são uma tradição desde a fundação da República Islâmica do Irã e têm um caráter político. Em 2020, uma multidão se despediu do general Qassem Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária que morreu em um ataque dos Estados Unidos.

Com a morte de Abdollahian, o cargo de ministro das Relações Exteriores foi assumido por Ali Bagheri, que era vice-chanceler e o principal negociador do programa nuclear iraniano.

O comandante do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã ordenou uma investigação sobre a causa do acidente.

O ultraconservador Raisi sucedeu o moderado Hassan Rouhani em 2021, em um momento difícil para a economia do país, dizimada pelas sanções impostas por Washington contra o programa nuclear iraniano.

Durante o seu mandato, Raisi enfrentou uma onda de protestos em 2022, após a morte do jovem Mahsa Amini sob custódia policial, uma crise econômica agravada pelas sanções americanas e o aumento das tensões com o principal inimigo do país, Israel, devido à guerra em Gaza.

Aliados do Irã, como Rússia e China, expressaram condolências, assim como potências regionais e movimentos próximos a Teerã.

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