Milhares de homens compartilharam imagens e vídeos íntimos de suas namoradas sem o seu consentimento, utilizando o aplicativo de mensagens Telegram, reportou a imprensa chinesa, o que gerou uma onda de indignação e pedidos para a garantia de uma maior proteção às mulheres.
Os relatos foram divulgados depois que uma universidade chinesa expulsou uma estudante este mês por “prejudicar a dignidade nacional” com vídeos publicados no Telegram por um jogador ucraniano de e-sports que sugeriam que haviam mantido relações íntimas.
O jornal estatal chinês Southern Daily informou nesta semana que uma mulher descobriu que fotos suas tiradas sem o seu consentimento foram compartilhadas em um fórum no Telegram com mais 100.000 usuários, a maioria homens da China.
Os membros do fórum também divulgaram imagens de suas namoradas, ex-companheiras e esposas, segundo um comentário publicado no Guangming Daily, um meio de comunicação apoiado pelo Partido Comunista Chinês.
As revelações geraram uma onda de indignação na internet. “Não somos conteúdo que pode ser compartilhado, visto e objeto de fantasias”, expressou uma pessoa na rede social Red Note, semelhante ao Instagram.
“Não podemos mais ficar em silêncio porque da próxima vez pode ser eu ou você”, acrescentou.
Uma hashtag online sobre esse escândalo tem mais de 230 milhões de visualizações desde quinta-feira na plataforma Weibo.
O maior fórum chamado “Mask Park” já foi eliminado, mas outras comunidades menores continuam ativas, relataram mulheres contatadas pelo Southern Daily.
O Telegram possui um sistema de mensagens criptografadas de seus usuários e é proibido na China, mas pode ser acessado utilizando redes privadas virtuais (VPN).
A pornografia é ilegal na China e o país tem normas conservadoras sobre o papel das mulheres, que são frequentemente reforçadas pelas mensagens da mídia estatal e da cultura popular.
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