Quase oito anos após a sua assinatura, uma rede de mulheres lamentou, nesta terça-feira (15), no Conselho de Segurança da ONU, a falta de avanços na agenda de gênero dos Acordos de Paz da Colômbia, em um contexto de aumento da violência contra as populações mais vulneráveis.

“As medidas de gênero do acordo de paz têm avanços mínimos, com menos de 30% delas totalmente implementadas e mais de 50% com um desenvolvimento mínimo ou não iniciadas”, denunciou Beatriz Quintero, da Rede Nacional de Mulheres da Colômbia, em reunião do Conselho de Segurança para analisar os avanços do plano.

Embora mais de 1.500 mulheres tenham participado de fóruns em 2023 para formular o primeiro plano nacional de ação da resolução, “ainda não foi promulgado” o projeto para desenvolver a Agenda Mulheres paz e segurança, comentou Beatriz.

“É fundamental para materializar a política de paz total, e tem que garantir a participação das mulheres e meninas em toda a sua diversidade, em uma perspectiva de segurança humana e feminista”, destacou, ressaltando que “os anúncios de cessar-fogo no âmbito da política de paz total permitiram que os grupos criminosos intensificassem suas disputas internas e fortalecessem suas economias”.

Beatriz denunciou que esses grupos “usam a violência de gênero em meio às suas disputas territoriais”, e pediu ao governo colombiano que dê visibilidade “aos fatos que afetam as mulheres no conflito, como a violência sexual, o confinamento e o recrutamento de menores”.

Em relatório divulgado no mês passado, o Grupo de Trabalho sobre crianças e conflitos armados alertou que nos primeiros seis meses de 2023 houve mais recrutamentos de menores por grupos armados do que em todo o ano de 2022.

“As meninas foram afetadas de forma desproporcional, principalmente as indígenas e afrodescendentes, e as de nacionalidade venezuelana e equatoriana”, aponta o relatório.

O enviado do representante do secretário-geral da ONU para a verificação do cumprimento dos acordos, Carlos Massieu, alertou para o que chamou de “um novo fenômeno” de controle social envolvendo principalmente mulheres e jovens, a quem é dito “como devem se vestir ou pintar as unhas”.

Antes da reunião, 11 membros do Conselho ressaltaram em declaração conjunta “a necessidade urgente” de proteger as mulheres, particularmente como “construtoras da paz e defensoras dos direitos humanos”.

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