Os representantes e chanceleres latino-americanos reunidos em Roma para a X Conferência Itália-América Latina reconheceram nesta terça-feira (26) que os desafios para o século XXI são o empoderamento das mulheres, a desigualdade e a pobreza geradas pela pandemia.

“Para falar de desenvolvimento, de equidade, temos que incluir as mulheres. Não se pode continuar a enxergar as mulheres com uma visão minimalista, dar-lhes poucos recursos que geram pouca renda. As mulheres são capazes de mudança”, pediu em seu discurso a presidente e chanceler da Colômbia, Marta Lucía Ramírez.

“Se incluirmos as mulheres, podemos aumentar o produto bruto mundial em mais de três pontos”, lançou a política colombiana, conhecida por seu discurso claro e direto ao falar dos métodos para o que chamou de “fechar a lacuna”.

O assunto foi abordado pela maioria dos representantes e diplomatas dos 29 países da América Latina e Caribe que participaram do primeiro encontro presencial após a pandemia do coronavírus e se dedicou a três temas centrais: povos, planeta e prosperidade.

“Durante a pandemia, os países da América Latina registraram uma queda de 7%” em seu nível de atividade, o que “equivale a retroceder 10 anos. Perdemos 15 anos de combate à pobreza e 30 anos de luta contra a extrema pobreza”, destacou o espanhol Juan Fernández Trigo, secretário de Estado para Ibero-América, ao analisar as consequências da crise sanitária na região.

“A pandemia nos mostrou que a integração que acreditávamos existir não era verdadeira. Agora, mais do que nunca, acreditamos que a integração é necessária. Inevitável”, resumiu à imprensa o chanceler paraguaio, Roberto Acevedo.

A desigualdade, o modelo de desenvolvimento, o crescimento sustentável foram alguns dos temas debatidos nas inúmeras intervenções.

– Impostos sobre grandes fortunas –

“Devemos avaliar o modelo econômico do passado”, pediu o subsecretário de Relações Exteriores do México, Maximiliano Reyes, ao falar da proposta de implementação de impostos sobre as grandes fortunas.

Os impostos sobre os mexicanos mais ricos estão no olho do furacão nos últimos anos. Segundo o centro de estudos Fundar, durante os governos de Felipe Calderón e Enrique Peña Nieto, o Tesouro perdoou o pagamento de cerca de 28 milhões de dólares de seis dos dez empresários mais ricos do país, entre as maiores economias da região.

A mudança climática, “a economia azul e o desenvolvimento verde”, como a chamou o chanceler da Costa Rica, Rodolfo Solano, com a redução dos plásticos e microplásticos no mar, é a principal preocupação dos países caribenhos, que reclamam “ações concretas”.

“A descarbonização é necessária”, disse o chanceler boliviano Rogelio Mayta Mayta, citando outro dos grandes desafios que serão enfrentados na conferência COP26 de Glasgow, que visa a tomar medidas históricas sobre o clima.

Ao final do dia, na declaração final, a Itália e os países da América Latina e Caribe se comprometeram a dar prioridade à crise social desencadeada pela pandemia, a garantir o acesso a vacinas e a colaborar com a transição para uma energia mais limpa e acessível, para o desenvolvimento do que eles chamaram de economia circular.