Casamento, sexualidade, machismo e paternidade são os pilares da comédia dramática estrelada por Emilio Orciollo Netto “Muito Pelo Contrário”, que está em cartaz no Teatro Unimed, em São Paulo.

Aos 48 anos, o ator encena Rodrigo, um homem casado que se tornou pai durante a quarentena forçada pela pandemia de Covid-19. No texto, de Antonio Prata, a personagem oscila entre seus desejos sexuais e suas convicções matrimoniais enquanto experimenta a paternidade “preso” em casa. “São temas oportunos, hoje em dia, num texto muito delicado e inteligente. Percebo que as pessoas saem do espetáculo meio arrebatadas. Mulheres até voltaram a transar com o marido”, diz ele, orgulhoso, sobre o impacto na plateia, à IstoÉ.

“Mas a gente tem o maior cuidado para o espetáculo não cair no lugar do clube do bolinha. Tive o cuidado de chamar a Vilma Melo, atriz e diretora, uma mulher feminista, muito ligada a essas questões para ajudar na construção da personagem”, detalha ele.

Pai de Lorenzo, de 5 anos, do casamento com Mariana Barreto, Emilio se classifica como “um machista em desconstrução”. “Sou da geração do medo e da culpa, de que homem não chora. Tenho certeza que tenho procurado melhorar”, pontua Emilio, que contabiliza 33 anos de carreira e trabalhos emblemáticos, como na novela “O Rei do Gado”.

Apesar de certos comentários críticos e repletos de ironia, que fazem o público rir, em relação ao comportamento negacionista durante a pandemia no monólogo, Emilio orienta: “Quero muito que as pessoas de qualquer orientação politica assistam porque o espetáculo é democrático.”

Sobre suas convicções, o ator é sucinto. “Não vou levantar bandeira. Só espero que o país seja cada vez mais livre, com mais cultura, saúde, mais amor, mais paz e democracia”, finaliza.