“Fui filha de alguém, mulher de alguém. Não fui eu. Por que não fiz isso ou aquilo? Por que não tive coragem antes? Afinal, o que está acontecendo comigo? Quem sou eu, realmente? Sirvo para alguma coisa?”

Esses são alguns dos pensamentos pouco otimistas, que podem povoar nossa mente, quando nos aproximamos do climatério, a última menstruação. Além das transformações fisiológicas que provoca, geralmente esse período acontece quando os filhos se tornam independentes e a mulher deixa de ser tão necessária como mãe. Com frequência ainda coincide com o falecimento dos pais, e ela perde o status de filha. 

Tais acontecimentos não raros conduzem  à sensação de não se ter vivido nem crescido. Mas se você conseguir recobrar a autoestima,  consciente de que passou suas experiências para outros, enfrentará com mais

tranquilidade o período, valorizando-o em relação às outras etapas da sua vida. 

 

Rituais de passagem

Normalmente o fim das menstruações, dando início ao que chamamos de climatério, acontece dos 45 aos 52 anos, sem indicar qualquer disfunção.  Em alguns casos pode ocorrer até aos 55 anos. Explica-se: há influências hereditárias, nutricionais, raciais, uso de tabaco, álcool e também fatores ambientais, como o clima quente ou frio, que interferem nesse processo.

Ao contrário do que podemos pensar, se a primeira menstruação ocorrer precocemente a menopausa será mais tardia, e as mulheres que menstruam após os 14 anos terão com mais frequência a menopausa antes dos 48 anos.

O período antes da última menstruação e depois dela pode se estender ao longo de um ano. Vamos explicar a fisiologia dessa fase, começando longe, na adolescência, quando a hipófise passa a estimular os folículos e ovários. É assim que, ao longo dos anos, todos os meses, a parede de um folículo se rompe e libera um óvulo amadurecido. Captado pela trompa, ele inicia uma viagem até o útero, em busca do espermatozóide para a fecundação.

Paralelamente, por motivos que a ciência ignora, uma grande quantidade de folículos se atrofia dentro do próprio ovário. Para se ter uma ideia do número, saiba que uma menina nasce com a média de 2 milhões de folículos; destes, apenas 400 ou 500 óvulos serão liberados até a menopausa. Na adolescência contamos com cerca de 300 a 500 mil óvulos imaturos. Mensalmente, entre 800 a 1000 folículos ovarianos desaparecem.

São os folículos que fabricam estrógeno e progesterona, hormônios que estimulam o ovário e regulam o ciclo menstrual. Na medida em que deixam de existir sua função é assumida, aos poucos, pelos hormônios da hipófise. A partir desse momento a mulher pode começar a ter irregularidades menstruais e outras manifestações.

Algumas mulheres, apenas 8%, apresentam um quadro definido pelos médicos como menopausa precoce, antes dos 40 anos. Em geral, isso acontece em função de algum problema do hipotálamo ou da hipófise, que diminuem a produção de estrógenos e aumentam a de gonadotrofinas, hormônios produzidos pela hipófise e que dão “ordens” para os ovários. O mesmo ocorre com a insuficiência ovariana determinada geneticamente, também causadora da menopausa precoce. O diagnóstico é importante para prevenir sintomas.

Sintomas que nem todas têm – muitas mulheres passam pelo climatério sem problemas. Mas as estatísticas indicam que 40% apresentam modificações que são,  basicamente, as seguintes:

  • Ondas de calor e ruborização das faces, pescoço e alto do tórax, às vezes seguidas por transpiração não relacionada com a temperatura ambiente. Cada episódio dura no máximo 60 segundos. Nas pacientes que mais sofrem com este sintoma podem ocorrer até 30 episódios por dia, persistindo durante alguns meses ou até por quatro ou cinco anos. O mecanismo da onda de calor, por falta de melhor explicação, é atribuído a alterações do hipotálamo. Este fato torna-se mais frequente ou pode ser precipitado devido a ansiedades, nervosismos, ambientes fechados ou crises de melancolia.
  • Formigamento passageiro das extremidades, em especial dos pés e das mãos. A exemplo da onda de calor, também se desconhece a causa da ocorrência.
  • Alterações psicossomáticas, incluindo palpitações, insônia, irritabilidade, dores de cabeça, angústia e depressão.
  • Perda de tônus muscular.
  • Dificuldade de perda de peso, e ganho de peso com mais facilidade.
  • Diminuição de libido? Exigência na qualidade das relações sexuais!!
  • Menos energia? Nem sempre.

 

Nesse momento podem acontecer rupturas. Algumas mulheres mudam de profissão, põe fim a relacionamentos amorosos, mudam de  aparência, sentem-se mais fortes. 

Também é um período em que aumenta a procura por cirurgias plásticas e laser íntimo, importantes para a autoestima, mas que precisam ser acompanhadas pela autovalorização. É preciso amadurecer os sentimentos e reconhecer a força que você deu ao crescimento de seus filhos, o apoio ao seu marido ou, se for solteira, na ajuda a sobrinhos, amigos, irmãos. 

Pense que você pode agora se beneficiar de várias circunstâncias, como:

  • Mais tempo para você
  • Melhor alimentação
  • Mais sono
  • Buscar mais atividades prazerosas
  • Fazer tudo que não deu tempo neste tempo todo
  • Você terá mais 30 a 40 anos para viver e pense em começar uma adolescência da terceira idade, com sonhos, projetos e esperança
  • Aprender novos hobbies
  • Usar os recursos da ciência a seu favor, fazer check-ups, controlar  a hipertensão, o peso e o diabetes, a alteração de humor, buscando apoio psicológico, se necessário, para superar a ansiedade e depressão.
  • Menos tarefas para fazer para os outros
  • Mais autoestima, mais autocuidado