A mulher sequestrada junto com Marcelinho Carioca falou sobre os momentos em que os dois estiveram nas mãos dos criminosos, revelou detalhes sobre o vídeo gravado no cativeiro e negou haver envolvimento com o ex-jogador. Em entrevista para o portal g1, Tais Alcântara de Oliveira disse estar sofrendo consequências psicológicas da violência, ocorrida no último fim de semana.

Segundo ela, os dois foram obrigados a gravar o vídeo em que diziam ter um affair, apontando seu ex-marido, Márcio Moreira, como sendo o sequestrador.

“Eu não tenho nenhum relacionamento com o Marcelinho. Nunca tive. A nossa relação é de amizade, mesmo. Eu estou separada do Márcio. A gente mora em casas separadas, não estamos convivendo, apesar que ainda não saiu o divórcio. A gente continua no papel ainda casados”, disse ela durante a entrevista.

A vítima relatou que pediu a Marcelinho ingressos após ver postagens do ex-atleta no show de Thiaguinho, em Itaquera, zona leste de São Paulo. Ela queria ir à apresentação do outro dia.

“[Queria ver] se ele conseguia uns convites para o domingo, e aí falou que só conseguia levar para mim se fosse à noite, porque no outro dia ele tinha outra coisa para fazer. Falei que não tinha problema. Ele me ligou quando estava chegando e desci para pegar os ingressos”, afirmou ela, que é funcionária da Secretaria de Esportes de Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana de São Paulo, pasta que ele já comandou.

Ela explicou, ainda, que entrou no carro de Marcelinho por medo de ficarem parados no bairro.

“Aqui ele não queria ficar parado, e ia passar as coordenadas do show, qual o portão eu poderia entrar, com quem eu iria falar. A gente deu uma volta no quarteirão e, assim que a gente estava chegando, ele avistou três caras vindo. Falou para mim que estavam vindo três caras e falei que eu ia sair [do carro], e ele falou que não, para esperar, mas abri a porta e os caras já chegaram enquadrando e falando para colocar a mão na cabeça. Ele [Marcelinho] desceu falando que era o ex-jogador. Os caras não quiserem acreditar e colocaram ele dentro do carro e deram uma coronhada. Colocaram eu [sic] também no banco de trás com um revólver na cabeça”, relembrou.

Já no cativeiro, segundo ela relatou, os criminosos tomaram os celulares e pediram as senhas para acessar os aplicativos de banco.

“O Marcelo falou que era ex-jogador e eles começaram a investigar nas redes sociais. Entraram na minha rede social, entraram na rede social do Márcio, para saber quem a gente era. A todo momento, falavam que iam nos libertar, que era para gente aguardar um pouco”, relembrou.

As vítimas, então, teriam sido obrigadas a gravar vídeo em que Marcelinho diz ter conhecido Tais em uma festa, e que o marido teria descoberto a suposta traição e realizado o sequestro.

“O helicóptero começou a sobrevoar e eles começaram a se desesperar e falando que ‘moio’ para eles, que a ‘casa caiu’. Receberam um áudio de uma pessoa falando que era para fazer um vídeo fake, porque se a casa deles caiu, que a nossa tinha que cair também. Então, que era para inventar uma história do marido que sequestrou, que saiu com mulher casada. Uma pessoa ficou atrás segurando a coberta e outra ficou apontando a arma. Momento muito angustiante”, disse.

Os PMs chegaram ao cativeiro após receberem denúncias anônimas. Quando as vítimas foram localizadas, Tais caiu no choro, em choque.

“Eu estava em choque de ver que aquilo estava realmente acontecendo, porque não são todos que conseguem sair de uma situação dessa vivo”, disse ainda durante a entrevista.