A mulher que matou a tiros seu marido, o policial militar aposentado Ademir Marques Pestana, de 56 anos, no último dia 4, disse à Polícia Civil que agiu em legítima defesa. O caso aconteceu em São Vicente, litoral de São Paulo. As informações são do UOL.

Ela afirmou que matou o companheiro em um ato de desespero. O crime está sendo investigado pela Delegacia Sede de São Vicente, onde ela se apresentou na segunda-feira (10), acompanhada de seu advogado, para prestar esclarecimentos.

A cabeleireira disse, em entrevista ao UOL, que desde que conheceu o policial e iniciou uma relação amorosa com ele, vivia constantes ameaças e contínuas agressões. Segundo a mulher, ele era usuário de drogas pesadas, como o crack.

“Conheci ele há cerca de 13 anos. Eu trabalhava de manicure em um salão e ele era segurança de um rapaz que fazia jogo do bicho, que vivia lá. Eu tinha 20 anos, era muito jovem e ele era uma pessoa extrovertida e tinha um bom papo. Nunca imaginei que começar a namorá-lo seria o começo do pior pesadelo da minha vida”, disse a mulher.

De acordo com a reportagem, ela registrou mais de sete boletins de ocorrência contra o marido ao longo dos anos e, por duas vezes, pediu medidas protetivas contra ele. Mas ela acabava retirando as queixas, de acordo com a mulher, por pena. Ela diz que ele a ameaçava de morte caso ela tentasse se separar dele.

Ainda segundo o UOL, por conta do vício e de problemas psiquiátricos comprovados pela perícia da Polícia Militar, ele acabou aposentado compulsoriamente.

O crime aconteceu depois que o casal iniciou uma briga na noite anterior. Segundo a reportagem, Ademir não deixava a esposa assistir à TV e ficava provocando a esposa que, segundo ela, se irritou em determinado momento e mandou ele “se f…”.

No dia seguinte, enquanto ela preparava o café da manhã, ele teria dito a ela: “Você vai ver quem é que vai se f…”, e subiu para o quarto.

“Quando eu subi, ele já estava com a arma na mão, apontando pra mim. Ele deu dois passos na minha direção, eu me esquivei e consegui, não sei como, arrancar dele. Mas ele não parou. Continuou tentando pegar a arma, que eu segurava o tempo todo na altura da barriga. Ele veio com tudo para cima de mim e foi quando aconteceu o primeiro disparo. Eu não consigo tirar o som e o clarão da minha cabeça”, disse a mulher.

Segundo a cabeleireira, o marido avançou novamente contra ela, arremessando-a na cama, e foi quando ela desferiu o segundo disparo. Ele ainda tentou retirar a arma dela em uma luta corporal, mas perdeu a força e caiu no chão sem vida.

Ainda de acordo com o UOL, a mulher disse que, com a ajuda da filha mais velha, conseguiu ligar para o Samu, para a polícia e para uma advogada, que gritou para que ela fugisse do local. Ela teria pegado as filhas de 8 e 10 anos e fugido, enquanto a mais velha ficou aguardando o Samu e a polícia.

“Foram os dias mais estranhos da minha vida. Eu só chorava, indo de lugar em lugar, pensando que iam me separar das minhas filhas. Estava em pânico. Não queria ser presa por ter tentado salvar a minha própria vida e as das minhas filhas. Desde que conheci esse homem, não sei mais o que é a paz. Não queria ter feito o que fiz, mas ele estava louco, ele ia me matar, na hora só pensei em proteger a mim e as minhas filhas”, disse a cabeleireira.

De acordo com o delegado responsável pela investigação, Luís Carlos Cunha, o caso foi solucionado em menos de 24 horas. “O inquérito policial aguarda os laudos periciais realizados no dia do crime e demais informações reveladas na investigação estão sendo verificadas para apurar a veracidade dos testemunhos realizados”, disse Cunha ao UOL.

Para o advogado da cabeleireira, Ronaldo Evangelista, eles esperam que a promotoria indique ao juiz a necessidade de absolvição da mulher por legítima defesa ou então a pronuncie para que vá a julgamento.

“A legítima defesa foi comprovada pela filha mais velha, por depoimentos de testemunhas e pelo histórico recorrente de agressões, comprovados pelos B.O.s e outros documentos anexados”, disse Evangelista.