Mulher perfeita

Mulher perfeita

Pedro Caiado, de Londres Sinônimo de estilo e elegância, Charlize Theron acumula qualidades invejáveis para qualquer mulher: inquestionavelmente bela, mãe, bem-sucedida profissionalmente e atual namorada do ator Sean Penn. A atriz sul-africana de poderosos olhos verdes, que ganhou o Oscar há mais de uma década pelo papel da serial killer Aileen (irreconhecível) no filme Monster, vive uma fase de sucesso na carreira e na vida. Discreta em seus romances, ela está feliz ao lado de Sean Penn e curte a maternidade com o filho Jackson Theron, adotado em 2012. A atriz, produtora e mulher de negócios (hoje sua fortuna chega a US$ 85 milhões) relata à Gente, em Londres, as consequências da fama, do papel da mulher no cinema, de seu novo lado cômico e da dificuldade de filmar seu próximo longa Mad Max: Fury Road, em pleno deserto africano. Fazer humor ?Não acho que há limitações para me ridicularizar. Não me vejo como comediante. Não tenho timing para comédia, sabe? Eu me acho mais uma idiota que tenta. Há um fator pateta em minha pessoa, mas não é consciente. Eu não saberia fazer isso conscientemente. Sei o que eu sei fazer, não acho que há limites. Não teria realizado esse filme se achasse que houvesse. Com o Seth MacFarlane senti que havia infinitas possibilidades para fazer graça e ele me encorajou. Aliás, meu programa favorito na tevê é Family Guy. Geralmente meus amigos saem das premières de meus filmes e vão para casa tomar antidepressivos (risos). Este filme foi uma das raras vezes em que nós nos reunimos após e demos boas gargalhadas.? Uma surpresa em cada esquina ?Nunca penso sobre qual será meu próximo projeto. Se você pensar dessa maneira, pode se destruir. Eu não achava que ia fazer essa comédia. Mas, como não recebo muitos roteiros nesse estilo, quis aproveitar a oportunidade. Na realidade, eu ia tirar férias. Mas é essa ideia de não saber o que vem por aí que é o mais legal. Não quero ?vomitar? para o público a mesma coisa de sempre, mas sei que não há receita para saber o que fará sucesso.? Verbo solto ?Tive dificuldade durante as filmagens dessa comédia. Alguém reclamou que eu falava muito palavrão e eu disse : ?Vai se f.?(risos). Para esse filme dizem que mudei fisicamente, que estou mais baixa e com mais peitos. Então eu cortei as pernas e coloquei espuma no sutiã, certo?? Fama e paparazzi ?Não sou bombardeada por paparazzi o tempo todo. Alguns dias são piores que outros. Felizmente meu filho não viveu essa realidade nos primeiros 18 meses de vida. Quando estou filmando não há esse assédio todo. Hoje, na porta deste hotel, haverá um assédio, mas quando estou em casa não. O que me preocupa é a consequência que os paparazzi têm em meu filho. Às vezes ele pede para eu não tirar fotos dele, e claramente isso é um reflexo do assédio dos paparazzi, algo que me deixa muito triste.? Ser mulher no cinema ?Acho engraçado quando as pessoas me perguntam: ?Você interpreta uma mulher tão forte, como se sente?? É como se não tivéssemos essa qualidade naturalmente, e só de tempos em tempos vemos mulheres fortes no cinema. Também não concordo em rotular filmes como comédia, romance, etc. Cada filme traz um pouco de tudo, e é como a nossa vida, certo?? Namoro e casamento ?Eu e o Sean nos conhecemos há 18 anos. Nós éramos bons amigos. Foi um sentimento que foi crescendo aos poucos. Hoje as pessoas me perguntam se quero casar. Eu me casei em filmes dezenas de vezes, mas nunca tive o sonho de me casar de verdade de véu e grinalda.? [desconversa] Maternidade ?Eu gostaria de adotar novamente. Quero ter mais filhos. Meu filho me acompanha no trabalho o máximo possível. Acho que você não deve ter filhos se não puder passar tempo com eles. Faço o que qualquer mãe tenta fazer: achar o equilíbrio entre trabalho e maternidade. Nos últimos anos tenho realizado menos filmes, para ter mais tempo com ele. As pessoas me perguntam se, por causa do meu filho, eu mudo as escolhas de papéis. E a resposta é não. Não dá para voltar atrás. Meu filho sabe que não pode assistir aos filmes que a mamãe faz. No momento estou fazendo a voz de um personagem em uma animação, e certamente eu estou fazendo pensando nele. Meu filho sabe que não pode assistir aos filmes que a mamãe faz até que ele tenha 58 anos.? Vaidade ?Não vivo sem a ajuda da medicina moderna. Mas não consigo ser tocada sem anestésico. Só faço limpeza nos dentes com gás anestésico.? Charlize, mulher de negócios ?Nunca realizo só um projeto, estou sempre envolvida em vários. Nossa produtora (Denver & Delilah) está dando certo, mas somos três pessoas mais uma equipe que cuida da parte de televisão. As pessoas acham que estou fazendo dez filmes ao mesmo tempo, o que me faz parecer supercool. Mas escolhemos muito bem o que vamos fazer.? Próximo filme Mad Max: Fury Road ?A logística do filme foi complicada. Tive de me preparar por oito meses antes de iniciar as filmagens. Mas acho que o pior foi ter de ficar tão longe e isolada. Nunca filmei algo tão longe, sem ter acesso à civilização ou ao aeroporto com facilidade (deserto da Namíbia, África). Filmamos em torno de 140 dias, mas pareceram 500 para mim. Foi difícil, muito mais que filmar Monster, que foram somente 28 dias.? Momentos difíceis na carreira ?Depois que terminei de filmar com Al Pacino (O Advogado do Diabo, 1997), eu não estava feliz. Eu não havia estudado para ser atriz e pensei naquele momento em desistir da carreira. Achava que para ser boa atriz eu precisaria ser como o Marlon Brando. Lembro de ler todas as biografias dele e me tornar obsessiva.? Hollywood ?Não respiro o business de cinema. Trabalho com isso, mas depois volto para casa. Em Los Angeles há um ambiente de família como em qualquer outro lugar. Desde o início da minha carreira, fiz questão de não ficar presa a essa bolha de Hollywood. Viajo bastante e inclusive já estive no Brasil várias vezes e amei. Adoro me perder em novas culturas.?