Mulher morre após ser atropelada por charretes ilegais no litoral de São Paulo

Reprodução/TV Globo
Imagem mostra racha de charretes Foto: Reprodução/TV Globo

O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou, neste domingo, dia 30, imagens de pessoas maltratando animais e se arriscando em rachas com charretes pelo Brasil. Esta semana, uma mulher morreu atropelada durante uma dessas disputas que acontecia em Itanhaém, no litoral de São Paulo.

O irmão da vítima, Yuri Hoshino, falou ao programa e disse que a família está abalada com o ocorrido. “A gente chora, fica bem um pouquinho. Passa um tempo, lembra e chora de novo”, afirmou.

“A gente quer que esses infratores que fizeram essa atrocidade com ela na praia paguem pelo que fizeram”, disse o marido da vítima, Valdomiro Pereira dos Anjos.

“A gente desceu numa quinta-feira de noite, super felizes porque a gente ia passar um final de semana muito top. A gente se dividiu em funções na cozinha porque as meninas saíram pra andar de bicicleta. Aí quando ela saiu eu falei três vezes pra tomar cuidado. ‘Toma cuidado, amor, por favor. Toma cuidado, por favor, viu?'”, contou o marido.

Imagens de câmeras de segurança mostram duas charretes na rua que leva à praia. O relógio marcava 11h28 do dia 23 de março. No mesmo horário, Thalita Rochino de Souza, de 38 anos, andava de bicicleta na areia com a amiga Gabriela Andrade.

Em entrevista ao programa, a amiga disse que ela avistou dois carros e duas charretes vindo na direção delas, em alta velocidade. “Olhei para ela e falei: ‘Tha, cuidado com o carro.’ Minha preocupação era o carro pegar a gente, né? Aí eu desviei pro lado direito e ela desviou pro lado esquerdo. Ela desviou pro lado do mar. Aí eu só escutei um barulho e quando olhei já tava caída”, contou a amiga.

“A bicicleta tinha estourado o pneu, estava inteira torta a bicicleta. E eu já vi ela sangrando muito, estava com hemorragia na cabeça. Eu corri, comecei a gritar que eu precisava levá-la imediatamente pro pronto-socorro porque ela corria risco de vida. Eles foram, saíram correndo e foram embora”, relatou Gabriela.

Às 11h37, as charretes saem da praia e voltam pela mesma rua. Seis minutos depois, um homem aparece com as mãos na cabeça. De acordo com informações da polícia, Thalita foi atropelada por Rudney Gomes Rodrigues, de 31 anos.

“As nossas investigações dão conta que no local estava tendo uma competição, uma corrida entre charretes. A pessoa que em si atropelou com a charrete a vítima, ele foi embora do local sem prestar socorro”, disse o delegado Arilson Veras Brandão.
Um motorista levou Thalita para o hospital. “Este veículo nós descobrimos que é a propriedade da esposa do investigado”, afirmou o delegado. “Eu comentei no carro: ‘Quem coloca uma charrete com cavalo na praia? Correndo ainda!’ Aí a moça que estava dirigindo disse que eles precisavam levar cavalo pra passear. Tentando justificar como se fosse um passeio”, disse Gabriela.

Rudney e a mulher dele, Karina, tinham um perfil compartilhado em uma rede social. Eles constumavam postar vários vídeos de corridas clandestinas de charretes. A página foi tirada do ar logo após a morte de Thalita. Ela morreu na terça-feira, dois dias depois do atropelamento.

Corridas como a que tirou a vida de Thalita são divulgadas em vários vídeos na internet. Em São Vicente, também no litoral de São Paulo, os corredores competem no asfalto e na praia com banhistas. Em Pariquera-Açu, no interior paulista, as corridas viraram um torneio, com direito a troféu para os vencedores.

“Existe um procedimento instaurado justamente para apurar essa questão das corridas. Os envolvidos, se haviam apostas, que tipo de apostas existiam”, explicou o delegado.

A Prefeitura de Peruíbe disse por meio de nota que, quando toma conhecimento desta prática ilegal, monta uma força-tarefa e segue para o local. Itanhaém disse que realizou diversas operações com Peruíbe para fiscalizar essa prática criminosa. A Prefeitura de Pariquera-Açu disse que não tem conhecimento algum dessas práticas ilegais e São Vicente afirmou que vai intensificar a fiscalização.

O homem que conduzia a charrete que atropelou Thalita, foi preso no último sábado, dia 29. “É uma prisão desnecessária, né? Milita em favor dele a presunção de inocência. Ele se apresentou, tem residência fixa”, afirmou o advogado de Rudney, José Miguel da Silva Junior.

A defesa de Karina, esposa de Rudney, negou que ela não tenha prestado socorro imediatamente. “Não condiz com a verdade. Ela prestou socorro e acompanhou até o final”, afirmou o advogado Luciano Fernandes Ribeiro.