Uma mulher atropelada nos anos 2000 e internada em estado de coma há quase 21 anos pode ter sido uma criança desaparecida em 1976, em Guarapari (ES). Clarinha, como foi batizada pelos médicos do Hospital da Polícia Militar (HPM) de Vitória, chegou à unidade de saúde sem documentos pessoais. As informações são do jornal O Globo.

Desde então, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) tenta localizar a família da vítima. Em 2020, um grupo de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) entrou em contato com o MPES para ajudar na investigação.

A equipe utilizou uma técnica de comparação facial usando bancos de dados de pessoas desaparecidas com características físicas semelhantes às de Clarinha e chegaram a uma criança de 1 ano e 9 meses de idade desaparecida em Guarapari, em 1976.

Na época, a família da menina, que é de Minas Gerais, passava férias no Espírito Santo. De acordo com o MPES, um exame de reconhecimento facial foi feito por uma empresa paranaense e o resultado confirmou que as imagens de Clarinha e a criança desaparecida em 1976 são compatíveis.

Agora, o material genético da mulher deve ser comparado com o material genético da família de Minas Gerais. “O Ministério Público capixaba solicitou uma comparação entre os perfis genéticos e, nesse momento, aguarda o resultado dos procedimentos adotados pela Polícia Civil mineira”, informou o MPES.

Tentativas de identificação

De acordo com relatos de testemunhas, a mulher estava fugindo de um perseguidor, também não identificado, e correu para o meio de uma avenida movimentada no Centro de Vitória, onde foi atropelada por um ônibus. Levada para o antigo Hospital São Lucas, passou por diversas cirurgias. O cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo. Sem documentos e com as digitais desgastadas, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido dentre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha qualquer notícia da mulher.

Em seguida, Clarinha foi transferida para o HPM. Neste meio tempo, o MPES realizou diversas buscas, inclusive com o apoio de outros ministérios públicos, mas não obteve nenhuma informação sobre a vítima.

Em 2016, após uma matéria exibida no “Fantástico”, da TV Globo, a busca pela identificação da “Clarinha” aumentou. Um total de 102 pessoas procuraram o Ministério Público do Estado do Espírito Santo e 22 casos chamaram mais a atenção, pela similaridade dos dados próximos ao perfil de “Clarinha”. Depois, testes de DNA foram feitos, mas os resultados foram incompatíveis para traços familiares.