Por Júlia Leão Fotos Pedro Dias / Ag. IstoÉ No cinema, o mais novo trabalho de Eduardo Moscovis, 44 anos, fala de amor, alegrias, paixões, tristezas. Na pele de um subdelegado, o ator aborda, no longa Corações Sujos ? do diretor Vicente Amorim, adaptado do livro homônimo de Fernando Morais ?, temas nos quais transita de forma fluente na vida pessoal. ?Sou muito emotivo. Tenho esse lado em que o psicológico e o coração mexem comigo?, diz. O filme se passa em 1945, no pós-guerra, e mostra a dificuldade dos japoneses que fugiram do seu país em se adaptar à vida no Brasil. Em cartaz também no teatro, com a peça Corte Seco, com a qual viaja pelo País, o ator se prepara para a segunda temporada da série Louco por Elas, na Globo, que protagoniza ao lado de Deborah Secco. Em entrevista exclusiva a Gente, Du Moscovis fala do novo filme, da infância e da relação com os filhos: Gabriela, 13 anos, Sophia, 11 ? do relacionamento com a produtora Roberta Richards ?, Manuela, de 4, e Antônio, 6 meses, ambos da atual mulher, Cynthia Howlett, 35. E conta, ainda, como foi sua primeira vez no sexo e como ganhou a fama de entendedor da alma feminina. Como surgiu o convite para o filme? Moscovis: Eu e o Vicente (Amorim, diretor) tínhamos um antigo desejo de trabalhar juntos. Ele já havia me chamado para fazer um filme, mas acabou não rolando. Quando viu que o Corações Sujos podia dar certo, me chamou. Topei na hora. O que achou do seu personagem? Tudo nele é interessante. Como o fato de não ter nome. É o subdelegado o que acho charmoso. Ele sempre pondera as situações, acaba virando o estrangeiro dentro da história, apesar de ser um dos poucos brasileiros na trama, que é contada no Brasil. Apesar da atuação do meu personagem ser pequena, traduz um pouco o olhar da sociedade naquele momento de pós-guerra. Você falou que seu personagem sempre pondera as situações. Você também é assim? Sempre fui tranquilo. Por isso, me considero um cara ponderado. Tento analisar as situações com atenção, sendo flexível, seja com a família, filhos, esposa, trabalho. Acho importante agir dessa maneira. Saber contemporizar ajuda nas relações e na condução da vida. A maior parte do elenco do filme é de japoneses. Como foi essa experiência? Foi interessante. A relação deles com o mundo é muito diferente da nossa. Eu já tinha atuado ao lado de estrangeiros no filme Bela Donna (1998), que tem atores canadenses. Mas com os japoneses foi muito mais interessante. Eles são sérios, estão sempre disponíveis e mantêm uma sobriedade admirável. Prefere atuar ao lado de japoneses ou de brasileiros? Tem muito japonês melhor do que atores brasileiros (risos). Eles não falam alto, são respeitosos. O que não acontece muito em diversos sets de filmagem no Brasil. Houve alguma situação pitoresca durante as filmagens de Corações Sujos? ? O set parecia uma colônia japonesa. Mas a situação que mais me marcou foi uma cena que mexeu com o meu emocional. Na cena, meu personagem e seus soldados queimam os livros de uma escola japonesa. Além da forte cena de colocar fogo em livros, que já diz muita coisa metaforicamente falando, tive de ser forte ao ver a personagem Akemi (vivida pela atriz Celine Miyuki) cantar, com dor, o hino nacional japonês. Engoli o choro. O filme tem recebido muitas críticas. ? Cada um enxerga de uma maneira. O Vicente (Amorim) leu o livro e quis fazer o filme. A ideia de um diretor brasileiro contar uma historia em japonês é estranha por si só. A força da história é que ela realmente aconteceu. Por isso, no Japão o filme mexeu tanto com os expectadores e foi um sucesso. Críticas, positivas e negativas, sempre vão existir. O que mais gostou no filme? As relações amorosas. Os casais que se amam, se respeitam, se apaixonam. Tudo isso mexe comigo. Sou muito emotivo. Tenho esse lado em que o psicológico e o coração mexem comigo. É como a literatura. É bom ler, manusear um livro. O toque, a inspiração, tudo isso mexe com o ser humano. Gosta de ler para seus filhos? ? Sim. Eu e as meninas sempre sentamos para ler livros. Faz bem para a relação pai e filho. Tem algo na sua infância que marcou sua vida? Uma imagem que tenho gravada na minha mente, e que, para minha sorte, ainda continua acontecendo, é o retrato dos meus pais juntos. Eles são vivos e casados até hoje. O contato de pai, mãe e filhos na minha casa sempre foi muito forte. Meus pais sempre deram muita importância às festas de final de ano. Viajávamos para passar o Natal juntos. Hoje, faço isso com a minha família. Você tem fama de bom entendedor de mulheres. Por que acha que recebeu esse rótulo? Isso surgiu quando me chamaram para participar do programa Saia Justa, no GNT (em dezembro de 2010). Mas não quero esse rótulo. Mulher é um bicho muito estranho, que até sangra. Por conviver com quatro mulheres em casa (a esposa, Cynthia Howlett, e as três filhas, Gabriela, Sofia e Manuela), que dica você daria para os homens se relacionarem bem com o sexo oposto? Fazer agrado é bom, mas nem sempre adianta. Há dias em que nada que você faz ajuda. Já aconteceu de eu levar um chocolate para minha mulher e ela reclamar, dizendo que eu queria deixá-la gorda (risos). O agrado é mais na compreensão da situação do que em dar presentes. Acho primordial sacar a pessoa com quem você está, seja amiga, namorada ou esposa. O homem precisa ser mais sensível, ouvir mais, saber a hora de sair de perto. Eu, pelo menos, tento entendê-las. O que mais gosta e o que menos gosta numa mulher? Eu acho lindo mulher de saia longa. Gosto de mulher com maquiagem leve, tipo cara lavada. Mas se ela aparecer com um batom vermelho e tiver estilo, posso ficar boquiaberto. O que não gosto mesmo é de perfume doce. Isso me deixa enjoado. Mas tudo depende do momento. Por exemplo, eu não gosto de gloss na boca. Mas se minha mulher coloca um dia, por alguma ocasião especial, vale a pena. Quando foi a sua primeira vez no sexo? Perdi a virgindade aos 13 anos, com uma namoradinha. Iniciação é iniciação. Não tive papo com meus pais. Mas falava com meus amigos e tinha visto muitos filmes com cenas de sexo. Para o homem, sexo é bem mais descartável do que para a mulher. Eu não pirei na minha primeira vez. Com o tempo, você vai ficando bom, mais experiente, conhecendo seu corpo e o das mulheres, aprendendo a arte do sexo. Siga Gente no Twitter!