Uma mulher de 46 anos foi internada no hospital carioca Copa D’Or, em Copacabana, na quinta-feira, 17, após se auto aplicar um produto vendido falsamente como Ozempic. A vítima afirmou que o medicamento foi comprado em uma farmácia na cidade. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já havia identificado lotes falsos do medicamento sendo vendidos ao redor do país desde o fim do ano passado.

Em nota oficial o hospital informou: “Na quinta-feira (17), recebemos uma paciente na emergência do hospital Copa D’Or, apresentando um quadro clínico grave e de difícil identificação. Ela foi prontamente atendida e o quadro devidamente tratado e revertido. Como a paciente realiza tratamento com Ozempic, considerando a nota que o laboratório responsável pela produção do fármaco divulgou recentemente sobre possível falsificação do medicamento, houve a suspeita de que a paciente poderia ter sido vítima dos efeitos de um remédio falsificado. O hospital, então, informou as autoridades responsáveis, para que seja feita a devida apuração. O hospital ainda informa que a paciente se recuperou e recebeu alta no dia seguinte.”

Em 2023, o primeiro alerta indicava que lotes MP5C960 e o LP6F832, ambos identificados pela Novo Nordisk, eram falsos e as informações foram repassadas para a agência. Neste ano, em janeiro, um novo lote foi identificado, o MP5A064, que tem prazo de validade para outubro de 2025 e a embalagem está com os dados escritos em espanhol.

“As ações de fiscalização se aplicam somente às unidades pertencentes ao lote MP5A064 (prazo de validade 10/2025) que apresentem em sua embalagem secundária a concentração de 1,34 mg/mL, em idioma espanhol, que as divergem do lote original”, de acordo com o decreto da agência no Diário Oficial da União (DOU).

Em janeiro deste ano, a ANVISA também proibiu a venda dos lotes de Ozempic e outros medicamentos comercializados no site https://www.manual.com.br após investigação que indicou que os itens são de origem não identificada e não possuem registro sanitário.

A OMS também emitiu um comunicado, na mesma época, informando que havia uma escassez dos remédios com semaglutida – o princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, o que consequentemente poderia causar aumento das versões falsificadas.

“A escassez tem um impacto negativo no acesso a produtos médicos e cria um vácuo que é muitas vezes preenchido por versões falsificadas. No ano passado, a escassez global de produtos indicados para controlar o diabetes tipo 2 e, às vezes, também aprovados para perda de peso, conhecidos como produtos agonistas do receptor do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1-RA), foram associados a um aumento nos relatos de GLP-1-RA falsificado”, diz o comunicado da agência.