A mulher do príncipe Harry, Meghan, voltou para o Canadá para ficar com o filho, Archie, de oito meses, após a decisão do casal de abandonar suas funções na realeza britânica – anunciou um porta-voz nesta sexta-feira (10).

“Posso confirmar as informações de que a duquesa está no Canadá”, disse à AFP uma porta-voz dos duques de Sussex, sem especificar quando Meghan deixou o Reino Unido, ou onde Harry se encontra no momento.

Abalando a monarquia britânica e até surpreendendo a rainha Elizabeth II, Harry, de 35 anos, filho caçula do príncipe Charles, e Meghan, 38, ambos anunciaram na quarta-feira que querem se instalar na América do Norte.

O casal passou as festas de fim de ano no Canadá, com seu bebê, em vez de ficar com a família, na casa de campo da rainha, no leste da Inglaterra.

Em uma decisão que causou polêmica no país, os duques também decidiram pôr fim à sua relação oficial com a imprensa e assumir sua “independência financeira”, após meses manifestando seu mal-estar com a pressão midiática e com as limitações impostas como membro da família real.

Segundo o jornal sensacionalista britânico The Daily Mail, Harry deve se reunir com Meghan e o filho muito em breve.

Uma pesquisa publicada nesta sexta-feira pelo jornal National Post revela que 61% dos canadenses gostaria que Harry fosse o próximo governador geral, o representante da Rainha Elizabeth II nesta antiga colônia britânica.

A atual governadora geral, Julie Payette, foi designada em 2017 para o cargo, cujo mandato é de cinco anos.

Na noite desta sexta-feira, o presidente americano, Donald Trump, considerou “triste” a decisão de Harry e Meghan.

“Simplesmente respeito muito a rainha. Acredito que ela não pensou nisso”, disse Trump em entrevista à Fox News.

Citando uma fonte do Palácio de Buckingham, a imprensa britânica informou que Elizabeth II pediu a sua equipe, assim como ao príncipe Charles e a seus netos Harry e William, que trabalhem “a um ritmo constante” para encontrar “soluções viáveis” ao problema.

“A rainha convoca uma reunião de crise familiar”, foi a manchete do jornal conservador The Daily Telegraph.

A saída de Harry e Meghan do primeiro plano da família real é questão de “dias, e não semanas”, destacou a fonte.

Segundo o Telegraph, fontes da casa real manifestaram suas dúvidas sobre a viabilidade do casal abandonar suas obrigações reais conservando os títulos de nobreza, a subvenção financeira e a recentemente reformada residência do casal na área do castelo de Windsor.

O que Harry e Meghan sugerem “é uma situação sem precedentes em relação aos membros da família real, com a manutenção de alguns deveres oficiais mas também operando de forma privada. De fato não há um precedente para isto”, disse à AFP Victoria Murphy, especialista em monarquia britânica.

“Se querem abandonar as obrigações reais, tudo bem, mas não podem ter tudo”, decía Paul Brown, un inglés que pasaba frente al Palacio de Buckingham.

Harry e Meghan registraram a marca “Sussex Royal”, segundo um anúncio publicado em dezembro pelo órgão britânico encarregado.

A marca envolveria uma ampla gama de produtos, de calendários e postais até roupas, passando por serviços de assessoria e campanhas beneficentes.

“Todo o projeto de Harry e Meghan é muito problemático”, uma mistura de público com privado, declarou à AFP o comentarista real Peter Hunt. “Seu desejo de ganhar dinheiro pode prejudicar o nome Windsor”.

Ex-atriz e afrodescendente, Meghan foi à princípio considerada como alguém que traria um sopro de ar fresco à realeza, uma instituição querida pelos britânicos, ainda que arcaica diante do Reino Unido multicultural do século XXI.

Diferentemente da princesa Diana, que tinha apenas 19 anos ao se casar com Charles, Meghan parecia suficientemente madura para saber o que lhe aguardava ao entrar para a família real em 2018.

No entanto, a duquesa de Sussex não se adaptou à jaula de ouro da realeza, que tem séculos de tradição.