A cirurgia íntima é destaque no Brasil, recordista mundial desse tipo de procedimento estético; só em 2016 realizou 25 mil intervenções, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Segundo Anamarya Rocha, ginecologista com atuação em estética íntima, que atende exclusivamente na clínica JK Estética Avançada, referência no país, localizada em São Paulo, queixas sobre a aparência da vulva são as principais entre suas pacientes.
A médica costuma realizar cerca de 15 a 20 cirurgias íntimas mensalmente. Ela, inclusive, foi responsável pelo procedimento em Deolane Bezerra, Viviane Tube, Katia Aveiro (irmã de Cristiano Ronaldo) e Natália Beauty, por exemplo. Embora tais personalidades tenham comentado suas experiências, ainda há dúvidas sobre os detalhes relacionados à cirurgia íntima. Por isso, a ISTOÉ conversou com exclusividade com uma das pacientes de Anamarya.
O procedimento ainda é visto como tabu. Por tal razão, a mulher, que é uma comunicadora social de 25 anos, pediu à reportagem para não revelar o seu nome. “Ninguém sabe que fiz a cirurgia íntima, só meu namorado, porque é inevitável”, declarou ela, que chamaremos pelo nome fictício de Letícia.
Queixas sobre a aparência da vulva e medos da cirurgia
Segundo a paciente, estava desconfortável com a aparência de sua vulva desde a adolescência, quando passou a notar o excesso de volume dos pequenos lábios vaginais – fato que sentia chamar a atenção quando vestia determinadas peças de roupa. “De modo geral, essa era minha insegurança. Inclusive, resultou em um certo bloqueio para me relacionar. Só quem eu realmente consegui me mostrar de verdade foi para o meu namorado, porque me senti segura e confortável com ele. Mesmo assim, ainda não me sentia bem com relação a essa estética e continuei com a vontade de mudar”, relatou Letícia.
Apesar da certeza de que um dia realizaria a ninfloplastia (cirurgia de redução dos pequenos lábios vaginais) e a correção de capuz do clitóris (retirada de pele em excesso na região), a jovem tinha receios, por saber que esta é uma região de muitas terminações nervosas. “Tinha medo de perder a sensibilidade, como aconteceu um pouco quando coloquei prótese de silicone nos seios. Também ficava preocupada em precisar de alguém para cuidar de mim no pós-operatório, pois eu queria manter em segredo. Além do medo de dar errado, porque é uma cirurgia irreversível. Por isso, é importante procurar um profissional experiente na área e, de preferência, ter alguma indicação e conhecer o trabalho dele”, declarou a comunicadora.
Relatos da cirurgia íntima

Letícia cogitou realizar o procedimento durante a cirurgia de silicone de mama, para aproveitar a anestesia. No entanto, não se sentiu segura, pelos motivos já relatados. Somente após conhecer o trabalho da ginecologista Anamarya Rocha, na JK Estética Avançada, entendeu que o procedimento poderia ser mais simples do que imaginava, inclusive, realizado no próprio consultório da clínica, que é regulamentado e possui a devida autorização para tal procedimento.
Ao consultar a médica, que a examinou e explicou com mais detalhes o procedimento e, ainda, lhe mostrou resultados de casos parecidos com o seu, Letícia disse que ficou “ainda mais animada e confiante”. Então, após realizar alguns exames ginecológicos complementares, marcou a cirurgia.
“Foi muito mais tranquilo do que imaginei. Fui muito bem orientada pela equipe a todo momento e me senti muito confortável no dia. Primeiro, tomei alguns medicamentos orais e, em seguida, a doutora passou um creme anestésico e, enquanto ele agia, fiz um lanche lá na clínica. Quando voltei para o consultório, ela fez uma sedação consciente para me deixar mais relaxada e, ainda, colocou uma playlist que gosto de ouvir. Fiquei tão à vontade que nem sequer senti a agulha da anestesia local, muito menos o corte, que é feito a laser”, detalhou a paciente.
Segundo a jovem, seu procedimento demorou cerca de uma hora e, por não demandar internação hospitalar, pôde voltar para casa logo em seguida, andando normalmente e sem depender de ajudas externas.
Pós-cirúrgico
“Não doeu nem para fazer xixi. O único desconforto que senti foi no primeiro banho, logo ao chegar em casa. Nesse momento, tive uma sensação intensa de ardência, mas segui a dica da médica e joguei soro gelado para amenizar. A doutora me orientou muito bem, então já sabia que isso era normal. Segui as recomendações feitas por ela, fiz uso dos medicamentos tópicos e orais prescritos e não tive dores, nem nada do tipo. Até a coceira dos pontos (retirados com 30 dias), quando começou, teve medicamento para amenizar. Foi muito tranquilo”, relatou Letícia.
Anamarya realiza o procedimento com o laser Monalisa Touch, a tecnologia mais moderna em termos de cirurgia minimamente invasiva de vulva. A técnica, dessa forma, permite uma recuperação melhor do que o meio convencional. “Esse aparelho, além de fazer ablação, também regenera o tecido, facilitando a recuperação”, pontuou a ginecologista.
A comunicadora social garantiu que sua recuperação foi simples. No entanto, o edema (inchaço) e os hematomas na primeira semana a preocuparam. “Foi um misto de sensações, porque apesar do alívio por não sentir dor, estava tão inchado que eu não conseguia ter noção do resultado, isso foi desesperador. Cheguei a mandar mensagem para a Anamarya, que foi muito solícita e me acalmou. Esse suporte profissional fez toda a diferença para mim. Ter um especialista em quem a gente possa confiar é recortante”, relembrou.
Com o passar do tempo, seguindo as orientações da profissional – uso dos medicamentos prescritos, crioterapia (aplicação de gelo no local) e repouso nas primeiras 48 horas -, o inchaço passou e a cicatrização de Letícia ocorreu adequadamente. “A vida seguiu normal. As únicas restrições foram de atividade física por 15 dias, relações sexuais e banhos de mar ou piscina somente após 30 dias”, informou a paciente.
Anamarya elogiou os cuidados de Letícia, fato imprescindível para o resultado da cirurgia. “Não seguir a orientação médica pode ocasionar sangramento, abertura de pontos, infecção, entre outros. A pior consequência é o resultado cirúrgico final demorar mais que o normal”, destacou a especialista.
Resultado
Segundo Letícia, o inchaço diminuiu em cerca de 20 dias. Contudo, o resultado do procedimento melhora após a retirada dos pontos, e o edema tende a passar completamente até o segundo mês, conforme a médica. Por isso, é preciso esperar tal período para a avaliação final, para que o profissional possa avaliar se será necessário algum tipo de reparo, que nem sempre é cirúrgico.
“Estou muito feliz com o resultado da minha cirurgia íntima. Parece outra vulva, combina muito mais comigo. E o melhor, não comprometeu a minha sensibilidade da região. Inclusive, até melhorou na relação sexual, porque não tem mais aquela pele sobrando”, comemorou a paciente.