O cara acredita em tudo que os imbecis que lhe cercam sopram às suas gigantes e pontudas orelhas: Ivermectina mata coronavírus? Claro. Cloroquina previne Covid? Evidente. Vacina causa anomalias, morte, invalidez e até suicídios? Óbvio, que sim. Quem disse? O WhatsApp, ué! E o Olavo, o Bananinha, o Carluxo, o Rachadinha, a Yamaguchi, o Osmar, o Eustáquio, o Negão, o Weintraub…

Jair Bolsonaro, o amigão do Queiroz – miliciano que abasteceu com 90 mil reais a conta da primeira-dama -, é o perfeito idiota que emporcalha as redes sociais com mentiras, piadas bobas, memes infantis, mistificações e teorias extraordinárias. Ele não só acredita em tudo (que não venha de fonte segura, é claro), como compartilha e ainda posa de ‘informado’. Quem não conhece alguém assim?

O pai do senador das rachadinhas e da mansão de seis milhões de reais é do tipo que jura de pés juntos que a Mega-Sena acumulada só sai para desconhecidos dos rincões do país; que a Nike comprou a Copa de 98 para França; que há ET’s vivos, escondidos nos EUA; que Elvis não morreu (nem o Michael Jackson); que Lula, o meliante de São Bernardo, é inocente – ops! Nisso nem ele acredita, hehe.

E pior do que acreditar é espalhar porcaria por aí como se fosse verdade. Quando o arauto das besteiras é um desconhecido qualquer, o dano é menor. Mas, quando se trata de um líder influente como esse cretino o é, o estrago é enorme. O caso do voto impresso mostra isso claramente. Um sistema em uso há décadas, reconhecido em todo o mundo como seguro e eficiente, hoje encontra-se sob suspeita.

Por quê? Algum motivo minimamente real? Alguma denúncia minimamente crível? Algum estudo ou informação minimamente séria e confiável? Não. Absolutamente, não! Mas porque o Tiozão do Churrasco que nos desgoverna acreditou no vídeo de um imbecil qualquer, que recebeu de um outro imbecil qualquer. Para Bolsonaro – e boa parte dos que o idolatram – a vida funciona assim.

A ciência é manipulada, a medicina é manipulada, a imprensa é manipulada, futebol é manipulado, a loteria é manipulada. A verdade nunca estará onde é mais provável que esteja, mas escondida e descoberta por sábios anônimos, oráculos capazes de limpar o planeta, mas que não podem se expor, pois seriam imediatamente caçados e exterminados pelo ‘establishment’ (eles adoram essa palavra!).

É preciso ser muito burro para acreditar em certas coisas. E também muito carente, inseguro, desiludido, desamparado. É necessário um desejo incontrolável de querer ser mais inteligente do que os demais, sei lá, 70% a 80% da humanidade. Há que se ter uma necessidade danada de companhia, de ‘pertencimento’ (precisar pertencer e fazer parte de um grupo para encontrar sentido na vida). É simplesmente lastimável.