SÃO PAULO (Reuters) – O grupo financeiro MUFG elevou a 7,5% a expectativa para a taxa de juros ao fim deste ano e do próximo, de 6,5% do cenário anterior, e passou a ver alta de 1 ponto percentual na Selic em cada uma das próximas duas reuniões, enquanto chamou atenção para a ressurgência de riscos fiscais.

“A principal preocupação do Banco Central é evitar a contaminação da inflação corrente para 2022 por meio de aumentos de preços secundários e também da deterioração das previsões do mercado para inflação futura”, disseram os economistas Carlos Pedroso e Mauricio Nakahodo em relatório.

O Copom começou nesta terça-feira a reunião de política monetária que terminará na quarta com o anúncio de uma provável nova elevação da taxa de juros. Boa parte do mercado vê atualmente alta de 1 ponto na taxa de juros, aceleração ante os movimentos anteriores. O juro está em 4,25% atualmente.

Os juros mais altos são um vetor positivo para a taxa de câmbio e ajudam a explicar a previsão do MUFG de que o dólar fechará este ano em 5,10 reais. Porém, Pedroso e Nakahodo ponderaram que o mercado cambial seguirá muito influenciado por outras variáveis que vão da política monetária norte-americana às perspectivas fiscais para o Brasil.

Os economistas citaram as recentes manchetes sobre riscos de uma tentativa de acomodação do Bolsa Família fora do teto de gastos, o que desde o fim da semana passada tem mantido os mercados em alerta.

“Isso é preocupante, porque seria de se esperar a retomada do ajuste fiscal assim que a pandemia estivesse sob controle. Além disso, sinalizaria risco de populismo no ano eleitoral de 2022 se a chapa presidencial não estiver indo bem para a reeleição”, disseram.

O dólar à vista saltava 1,8% nesta terça, chegando a superar 5,27 reais na máxima do dia, com a moeda brasileira liderando com folga as perdas globais. E os juros de longo prazo disparavam mais de 20 pontos-base, sinal de busca do investidor por proteção.

(Por José de Castro)

tagreuters.com2021binary_LYNXMPEH720VD-BASEIMAGE