A vitória, na última volta, conquistada por Max Verstappen no GP de Abu Dabi deixou a emoção do fã de automobilismo à flor da pele e com gostinho de “quero mais”. Apesar da decisão polêmica que envolveu a corrida final da temporada 2021, não há dúvidas de que a Fórmula 1 precisa mais de duelos épicos e menos de conquistas fáceis e tranquilas.

O desempenho de Max Verstappen, com a Red Bull, e Lewis Hamilton, com a Mercedes, na atual temporada não é garantia de que 2022 trará aos espectadores novas batalhas com os dois ocupando o papel de protagonistas. As mudanças no regulamento – que deixarão os carros com um visual completamente diferente, favorecendo as perseguições e ultrapassagens – trazem mais dúvidas do que certezas.

A cada transformação significativa na Fórmula 1 uma nova equipe surge para dominar o pedaço. Em 2010, a Red Bull assumiu a liderança entre as escuderias e fez o alemão Sebastian Vettel tetracampeão mundial. Em 2014, a categoria passou a adotar motores híbridos, e a Mercedes – que havia entrado como equipe na F-1 quatro anos antes – se tornou hegemônica e enfileirou sete títulos de pilotos (2014 a 2020) e oito de construtores (2014 a 2021).

Ferrari e McLaren são escuderias tradicionais e com forte torcida espalhada por todos os países em que transita o circo da Fórmula 1. Nos últimos anos, no entanto, crises sequenciais têm batido à porta em Maranello e Woking. Nesse período, a escuderia que levou Ayrton Senna ao topo do mundo trocou três vezes de fornecedor de motor, fez parcerias com Honda e Renault, mas foi com a Mercedes que reencontrou um desempenho razoável.

Enquanto a McLaren não conquista títulos desde 2008 – quando Lewis Hamilton conquistou seu primeiro troféu -, a Ferrari vive jejum um pouco mais longo, de 14 anos. O último campeão com a escuderia foi Kimi Raikkonen, que se aposentou no último fim de semana. Desde então, bateu na trave algumas vezes e teve seu pior ano em 2020, quando ficou em 6º lugar no mundial de construtores. Carlos Sainz Jr. e Charles Leclerc, além das mudanças no regulamento, são as esperanças para devolver os italianos à briga pelo título. A McLaren aposta na repetição da carismática dupla Lando Norris e Daniel Ricciardo.

Alpine, Aston Martin e Alfa Romeo veem na experiência de Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Valtteri Bottas, respectivamente, a melhor escolha para percorrer um caminho desconhecido, incerto e que muitas vezes promove heróis e surpresas de maneira aleatória. Williams e Haas seguem outros parâmetros e terão jovens pilotos em seus cockpits. E por que não apostar na AlphaTauri? A equipe terminou em alta com Pierre Gasly e Yuki Tsunoda e mostrou, em outras oportunidades, que pode superar a matriz Red Bull.

Outra situação que deixa a temporada 2022 imprevisível é o retorno do circo ao seu calendário padrão. Circuitos que ficaram ausentes durante o período de pandemia voltam no próximo ano. Austrália, Canadá, Cingapura e Japão receberão a maior categoria do automobilismo mundial, que também contará com o novo GP de Miami, nos Estados Unidos, que está agendado para acontecer no dia 8 de maio.

A primeira parada da Fórmula 1 em 2022 é no Bahrein, no dia 20 de março. Uma semana mais tarde, revisita a Arábia Saudita e o rápido circuito de Jeddah, que deve sofrer alterações após críticas sobre sua segurança e a falta de áreas de escape. Depois das batalhas homéricas entre Max Verstappen e Lewis Hamilton neste ano, o sarrafo para as disputas na pista subiu. A Liberty Media, que comanda a categoria, sabe disso e depende da repetição do sucesso em 2022 para atrair novos fãs, investidores, montadoras e fornecedores de motor.