Em estudo pela direção da Petrobras, a mudança no cálculo de pagamento de bônus e participação nos lucros e resultados já enfrenta resistência nos sindicatos de petroleiros. A proposta prevê uma redução de 80% para 10% no peso das metas de produção sobre o cálculo dos bônus. Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o modelo de cálculo é cláusula de acordo coletivo e deverá ser discutida com a categoria.

“Oficialmente não houve qualquer comunicado sobre o tema. Como isso é tema de acordo coletivo, só pode mudar o cálculo se a categoria aceitar”, avalia o diretor da FUP, José Maria Rangel. “Isso para mim é novidade, uma tentativa de tumultuar ainda mais o ambiente de trabalho já precarizado. A Petrobras tem tantos problemas, que se a direção propõe isso é mais um sinal de que está no caminho equivocado”, completa.

A proposta ainda não foi discutida no Conselho de Administração da empresa, mas os termos e condições foram bem recebidos pelos comitês técnicos que auxiliam o trabalho do colegiado. A proposta é apresentar o novo modelo junto ao Plano de Negócios e Gestão (PNG) para o período 2016-2020, como um indicador de comprometimento à disciplina de capital da empresa.

O modelo de cálculo de PLR aos funcionários foi definida em 2014, após pressão da FUP e sindicatos da categoria. Naquele ano, mesmo após ter registrado prejuízo superior a R$ 20 bilhões, a empresa desembolsou cerca de R$ 1 bilhão para pagamento de bônus aos trabalhadores, que tinham cumprido as metas operacionais e de produção.

A proposta em estudo pela diretoria, entretanto, prevê que indicadores financeiros como, margem Ebitda, fluxo de caixa livre, gerenciamento dos gastos operacionais e desinvestimento, sejam preponderantes no cálculo em relação aos indicadores operacionais. O modelo prevê que as metas financeiras correspondam a 65% do bônus pago aos 78,5 mil funcionários da estatal. Já as metas de produção teriam peso reduzido de 80% para 10% no cálculo que define também o plano de cargos e salários da categoria.

Apesar de afetar os ganhos da categoria, a avaliação é que o cenário político atual pode dificultar a discussão do tema com os empregados. “Em outro cenário, já teríamos chamado greve. A categoria está injuriada e perplexa”, afirmou o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, vinculado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). “Não concordamos com esse modelo de cálculo, mas a prioridade hoje é evitar a venda de ativos e a flexibilização do pré-sal”, completou.

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