Enquanto Michel Temer tomava posse do cargo efetivo de presidente da República na tarde de quarta-feira 31, no Congresso Nacional, um funcionário do Palácio do Planalto empurrava um carrinho de metal pelos corredores recolhendo os retratos da ex-presidente Dilma Rousseff. Um a um, ele retirava os quadros amontoados junto às portas das salas e empilhava em sua carriola. A foto da petista clicada em 2011, sorridente dentro de um blazer off-white e com a faixa presidencial verde e amarela transpassada sobre o peito deixou de ornamentar as repartições públicas federais. A Presidência atual ainda não sabe o que fará com as imagens, mesmo que as opções não sejam lá muito numerosas.

Transição: Em alguns gabinetes, as imagens da ex-presidente foram removidas antes mesmo da votação do impeachment.  Para Temer, o retrato oficial é um “culto ao personalismo”, típico de países autoritários
Transição: Em alguns gabinetes, as imagens da ex-presidente foram removidas antes mesmo da votação do impeachment. Para Temer, o retrato oficial é um “culto ao personalismo”, típico de países autoritários

Alguns dos novos ocupantes do imóvel admitiram sentir um certo desconforto em ter Dilma sorrindo para eles o dia todo. O ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, antes mesmo do afastamento definitivo, já havia mudado a imagem de lugar, colocando-a em uma parede de pouca circulação, próxima ao toalete.

Temer ainda não posou para sua foto oficial, uma vez que a agenda após a posse exigiu que embarcasse rapidamente para a China, a tempo de participar do encontro do G-20. Ele confidenciou a um amigo que está refletindo se vai ou não querer seu retrato pendurado na parede como se estivesse “vigiando” os funcionários públicos. Temer disse achar que esse tipo de coisa é “um culto ao personalismo”, típico de países autoritários, mas ainda não tomou uma decisão definitiva. Um Projeto de Lei do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) pode proibir o uso dessas imagens em repartições públicas.

Outra mudança simples, mas significativa, pode ser notada no terceiro andar do Planalto, a área mais restrita do prédio por abrigar o gabinete presidencial. Todas as placas de identificações das salas penduradas às portas que traziam a palavra “Presidenta”, com “a” no final, conforme exigia Dilma, tiveram a vogal raspada, tendo virado “president”, à espera da saudosa letra “e”.

Foto: REUTERS/Adriano Machado; CARLA ARAÚJO/ESTADÃO CONTEÚDO

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