A enxaqueca é uma condição crônica incapacitante para quem a vivencia. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, mais de 30 milhões de brasileiros sofrem com a doença, e mudanças climáticas podem representar um gatilho para suas crises. 

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“A enxaqueca é uma doença neurológica genética que pode ser afetada por fatores ambientais e, em vários estudos, cerca de 45% a 70% dos pacientes relatam o clima como um gatilho para seus ataques”, relata a médica especialista em dores de cabeça Juliana VanderPluym à “Glamour”, de onde são as informações. E explica: “O clima inclui não apenas a temperatura e a precipitação [chuva], mas também fatores meteorológicos como a velocidade e direção dos ventos, a pressão barométrica e a umidade”. Ela ainda cita efeitos que o clima pode ter sobre outros fatores ambientais, como a qualidade do ar e seus impactos. 

Enxaqueca e clima

Um dos principais culpados quando se trata de dores de cabeça relacionadas ao clima é a queda repentina da pressão barométrica — a medida da pressão do ar na atmosfera —, que acontece quando uma tempestade chega. Isso ocorre porque as cavidades nasais e sinusais estão cheias de ar, e a queda da pressão barométrica cria uma diferença na pressão entre o ar externo e o ar presente nos seios da face. 

Um estudo publicado no periódico americano “Neurology” em 2009 também relatou que, com a chegada das altas temperaturas, aumenta o número de pacientes nos prontos-socorros para tratamento de dor de cabeça severa. Anteriormente, o mesmo periódico mostrou que o vento forte também provocava enxaquecas em alguns dos estudados.

Até mesmo os dias sem nuvens e com temperaturas estáveis estão possivelmente ligados aos sintomas da doença: uma pesquisa da Fundação Americana de Enxaqueca já relacionou a forte luz solar ou a exposição prolongada ao sol a ataques de enxaqueca. No entanto, é possível que a sensibilidade ao sol seja um sintoma, e não um gatilho, como explica Juliana: “Um dos sintomas da enxaqueca é a sensibilidade à luz, ou fotofobia, então pode ser que um ataque que já esteja se desenvolvendo cause a sensibilidade à luz do sol”. Também é possível que a desidratação seja a culpada, já que esse é um dos principais desencadeadores de dores de cabeça e enxaqueca. 

Como evitar crises de enxaqueca relacionadas ao clima

Utilize chapéus e óculos de sol com lentes polarizadas, que reduzem o brilho, para proteger os olhos. Para evitar uma crise durante épocas de tempestades, trabalhe em seu autocuidado através de dietas, sono regulado e uma rotina de exercícios físicos. “Estar sob maior estresse, incluindo se preocupar com a chegada de uma crise, também pode se tornar um gatilho”, alerta Juliana. “Converse com um médico sobre estratégias, como a terapia comportamental cognitiva, para lidar com a ansiedade”. É importante também evitar recorrer a outros gatilhos durante eventos climáticos estressantes, como consumir chocolate e bebidas alcoólicas durante um dia de chuva. 

Consulte um médico sobre a possibilidade de ingerir medicamentos anti inflamatórios antes de certas condições climáticas que já te despertaram gatilhos. “Seu médico pode desenvolver uma estratégia de tratamento preventivo, de modo que, independentemente do clima, seu nível de tolerância seja alto o suficiente para que as crises de enxaqueca não ocorram”, aconselha a médica.

Mantenha um diário de enxaqueca, anotando os padrões dos sintomas e adicionando observações relacionadas ao clima. Procure atentar-se também a quaisquer sintomas que você geralmente sinta antes do início da enxaqueca, como fadiga, dor no pescoço, bocejos ou irritabilidade. Eles podem indicar a fase de pré-enxaqueca e, de acordo com Juliana, a ingestão de medicamentos recomendados durante essa fase pode prevenir a ocorrência de dor de cabeça.