Os cumes das montanhas da Europa estão repletas de novas espécies de plantas, um florescimento que aumentou com a aceleração do aquecimento global desde meados do século XX, disseram pesquisadores nesta quarta-feira (4).

Analisando mais de 300 cumes espalhados pelo continente, eles descobriram que cinco vezes mais tipos de plantas migraram para terrenos mais altos na última década do que há 50 anos, de 1957 a 1966.

As áreas do alto de montanhas aqueceram quase duas vezes mais que o planeta, que registrou um aumento de um grau Celsius desde meados do século XIX.

“Em todos os cumes, o aumento na riqueza de espécies de plantas se acelerou”, disse na revista científica Nature uma equipe de 53 cientistas liderada por Sonja Wipf, do Instituto de Pesquisas de Neve e Avalanche, em Davos, na Suíça.

“Esta aceleração foi particularmente pronunciada durante os últimos 20-30 anos.”

Mas o florescimento da flora de alta altitude pode ser efêmero, alertaram os pesquisadores.

“Mesmo que a biodiversidade esteja aumentando, não é algo que necessariamente irá persistir”, disse o coautor Jonathan Lenoir, especialista em bioestatística do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França.

“Podemos estar vendo o acúmulo de um débito de extinção, se esses recém-chegados expulsarem as espécies emblemáticas e mais frágeis das grandes altitudes”, disse à AFP.

Na ecologia, “débito de extinção” refere-se ao impacto negativo tardio, em uma espécie, de mudanças no ambiente, como a perda de habitat ou a diminuição das chuvas.