Uma possível troca do comando da Vale depois da tragédia de Brumadinho entrou no radar dos acionistas da mineradora. Segundo apurou o “Estadão/Broadcast”, o afastamento do executivo, que assumiu a mineradora há pouco mais de dois anos, é visto por alguns acionistas como necessário para dar uma satisfação à opinião pública. Por outro lado, a mudança não pode ser tão rápida que atrapalhe a condução da crise nesse momento.

No final do ano passado, o contrato de Schvartsman na Vale foi renovado por mais dois anos. O novo mandato tem início em maio, e vai até 2021.

O presidente do conselho de administração da Vale, Gueitiro Genso, afirmou, no entanto, que essa discussão de troca de comando não está na mesa. “Como presidente do conselho, quero dizer que não existe em absoluto nenhum processo de substituição do atual presidente da Vale”, disse.

O conselho de administração da empresa tem se reunido frequentemente desde o rompimento da barragem da mina do Feijão, na sexta-feira. O ministro do gabinete de segurança da presidência da República, Augusto Heleno, tem participado ativamente de conversas com o conselho, e as respostas oferecidas pela Vale até o momento foram bem recebidas por ele, segundo apurou a reportagem. Além disso, a gestão de Schvartsman trouxe bons resultados para a companhia e sempre foi bem vista pelo mercado financeiro.

Pelo estatuto da Vale, um novo presidente deve ser escolhido de forma profissional, com a ajuda de headhunters. A lista precisa ser composta por três indicações.

Uma das ideias dentro do conselho é a de se ter um nome interno para o cargo, o que responderia a um entendimento de que é preciso fortalecer a governança da companhia com nomes da área de mineração, que entendam especificamente desse setor. Mas uma eventual mudança de comando poderia vir também do mercado, como aconteceu com a própria contratação de Schvartsman, que substituiu a Murilo Ferreira.

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Internamente, apenas dois dos nove diretores da Vale vieram da atividade de mineração. O diretor de Ferrosos, Peter Poppinga entrou na Vale em 1999 e está nessa diretoria desde 2015. Antes, ocupou várias funções na área comercial de ferrosos e também a diretoria de Metais Básicos.

Já o diretor de Estratégia, Exploração, Novos Negócios e Tecnologia, Juarez Saliba de Avelar, é o mais próximo da atividade de mineração e da realidade de Minas Gerais. Ele trabalhou em várias mineradoras e chegou a presidir a Ferteco entre 2001 e 2002, antes de a empresa, que era dona da mina do Feijão, ser vendida para a Vale.

O restante da diretoria atual não veio do setor de mineração. Schvartsman saiu da Klabin, depois de passar pelo grupo Ultra e pela Telemar Participações. O diretor financeiro, Luciano Siani, é oriundo do mercado financeiro, enquanto o diretor de metais Básicos, Eduardo Bartolomeo, veio da área de logística. O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais, Luiz Eduardo Osorio, passou por várias grande empresas, como Ambev, Raízen, mas nenhuma da área de mineração.

Procurada, a assessoria da Vale disse que não comentaria os rumores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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