A mudança climática, perigosa para os ecossistemas, ameaça também a história, visto que na Groenlândia o aquecimento afeta os vestígios arqueológicos, alguns de milhares de anos, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (11) na revista Nature.

Essa mudança climática, com aumento de temperaturas e mudanças nas precipitações “pode gerar a perda de elementos-chave como a madeira arqueológica, os ossos e DNA antigos” indica o informe.

Estes elementos costumavam estar protegidos pela baixa temperatura dos solos.

Um grupo, liderado por Jørgen Hollesen, estudou a partir de 2016 sete diferentes sítios no oeste e no sul deste imenso território ártico, em torno a sua capital Nuuk.

Além dos elementos orgânicos, como cabelo, penas, conchas e restos de corpos, também há ruínas de antigos acampamentos vikings.

Segundo as projeções utilizadas no estudo e realizadas a partir de diferentes cenários de aquecimento, a temperatura poderia aumentar até 2,6°C gerando “um aumento da temperatura do solo, e uma temporada de degelo mais longa” explica à AFP Hollesen, especialista em arqueologia ambiental.

“Nossos resultados mostram que dentro de 80 anos, 30 a 70% da fração arqueológica de carbono orgânico (encontrado nos vestígios) poderia desaparecer”, diz.

Assim, estão em perigo estes elementos, únicas provas da vida dos primeiros habitantes da Groenlândia, a partir de 2.500 anos antes de Cristo.

Há mais de 180.000 sítios arqueológicos em todo o Ártico.

No Alasca, centenas de artefatos antigos emergiram do permafrost, a camada de solo congelada até agora, que tende a derreter como consequência da mudança climática.