O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse nesta quarta-feira (21), em Nova York, que desde que chegou ao governo, “mudamos a linguagem da polarização”, embora tenha alertado que não espera que isso duro “muito”.
“A contrário do que se esperava (…), conseguimos ampliar o espaço de apoio ao governo, tanto o social quanto o político”, assegurou no fórum ‘América Latina, Estados Unidos e Espanha na economia global’, organizado pelo grupo Prisa na Câmara de Comércio Espanha-Estados Unidos, na capital financeira americana.
“Hoje, temos uma margem de manobra maior, (mas) quanto vai durar? Não muito”, alertou. No entanto, o simples fato de ter se reunido com o ex-presidente conservador Álvaro Uribe, um de seus maiores críticos, e outras personalidades da oposição, “tirou essa combatividade da política colombiana pelo menos durante os próximos meses”, considerou.
“A Colômbia é um país, cuja história mostra como o sectarismo político passa facilmente ao genocídio, e esse é um luxo que não podemos nos dar”, disse antes de lembrar que em seu país, “cada palavra pode ativar os gatilhos”.
Quanto às drogas, o presidente disse que pretende mudar o modelo de abordagem, focando no consumo e não tanto na produção, cujo combate está destruindo a floresta amazônica com os venenos para erradicá-la.
O “problema do mercado ilegal está na ilegalidade, em tratar como uma guerra um problema que deve ser tratado como um problema de saúde pública”.
“Na divisão internacional do trabalho”, que transformou o negócio das drogas em crime organizado, “a riqueza, que é o objetivo do negócio, fica fora” (nos Estados Unidos, México ou América Central). À Colômbia, ao contrário, resta a produção da folha de coca e “reduzir as bombas, os tiros, ter os mortos”.
Petro tem esperança de que o “proletariado do narcotráfico” seja cada vez mais consciente de que “está fazendo papel de bobo”, de que não são os tempos de Pablo Escobar. “Eles entram com os mortos e a riqueza fica do lado de fora”, lembrou.
Sobre as relações com a Venezuela, Petro disse ser “positivo reconstruir as relações familiares de milhões de colombianos e venezuelanos de um lado e do outro da fronteira”, mas no momento “não” tem previsto se encontrar com seu colega, Nicolás Maduro. “Isso não está na agenda no momento”, acrescentou.